Texto por Felipe Gollnick, do site parceiro Defenestrando
Fotos por Leco de Souza
Dia 25 de junho, sábado pós-Corpus Christi, oito horas da noite. Clima ameno e noite agradável em Curitiba. Do lado de fora do Teatro Paiol, uma fila de vários metros premeditava o show de lançamento do álbum de estréia do Humanish, que começaria ali dentro em poucos instantes. Com a entrada franca mas restrita a convidados e, pelo visto, grandes fãs, a casa estava repleta de um clima familiar e agradável.
Ponto turístico de Curitiba e marco da vida artística da cidade, o Paiol é um teatro pequeno. Em uma sala circular em formato de anfiteatro, o público fica muito perto do palco: gera-se uma sensação de proximidade e intimidade com o artista. Por lá já passaram grandes nomes da música nacional, como Toquinho e Vinícius no show de inauguração do local. Logo na entrada, cada pessoa que chegava recebia uma raspadinha. Quem tivesse sorte poderia ganhar o recém-lançado disco físico do Humanish, walkmans com a fita do mesmo disco ou até mesmo LPs selecionados pelos integrantes da banda.
Quando a banda veio ao palco, nenhuma palavra de Oi ou qualquer coisa do tipo. Também nem precisava. A primeira nota da guitarra de Marano, um dos vocalistas, fez as honras por ele. E o show começou com tudo, pesado, denso. O som estava mal regulado no começo, mas já na segunda música ficou tudo certo. Cabelo caindo nos olhos, Allan Yokohama tocava a outra guitarra, cantava berrando e se entregava ao show. Balançava o corpo com energia e não perdia a linha de seus riffs. O show do Humanish parece muito entranhado: seus integrantes estão ali, fazendo aquilo de corpo e alma, sentindo suas músicas e as entregando de coração a quem quiser gostar delas. É genuíno. E há ainda o fato de eles estarem tocando no Paiol, o que, segundo o próprio Marano, é uma emoção e uma honra. Chega a ser encantador ver os caras ali.
Pelo lado técnico, o Humanish se configura de uma forma diferente: não há baixista. Os graves alternam entre os sintetizadores de Igor Ribeiro e as guitarras cheias de efeito de Yokohama. Dá uma dinâmica diferente ao show, tanto no aspecto sonoro quanto até mesmo no visual – e é sempre bacana saber que é possível fugir do convencional formato guitarra-baixo-bateria sem nenhum prejuízo. Nas baquetas, Fabiano Ferronato, fazendo caretas, balança o corpo, toca com força e dá peso ao som. A banda ainda contou com várias participações especiais durante a apresentação, destacando-se a do produtor Carlos Trilha nos teclados (que além desse disco, produziu dois álbuns de Renato Russo e chegou a tocar com a Legião Urbana nos shows).
O público estava ganho desde o começo do show: muitas palmas e gritos efusivos ao final de cada música. E, depois de cada execução, os aplausos só aumentavam. Muita gente balançando a cabeça e cantando todas as letras, e repetindo as expressões de emoção de Marano e Yokohama. Cada música finalizada parecia uma conquista, como se fossem partes significativas de um grande objetivo a ser alcançado – seja ele o duro parto de álbum inteiro ou a superação de uma história musical meio complicada. Ao final do show, dava para ver em cada músico a sensação de dever cumprido (ou até mesmo de alívio). Que o diga Yokohama, que depois de a banda ter encerrado o bis com “The one”, ergueu sua guitarra para o alto e gritou: “Tá lançada essa porra!”
Um grande show, evidenciando uma grande banda. Pesado, gostoso, emocionante. Dá-lhe Humanish.
São tantos os detalhes (e os nervosismos) que quando passa a gente nem vê, ainda bem que tá escrito aqui pra lembrarmos de tudo 😀 Muito obrigado pelo texto. Grande abraço ao Rock in Press e ao Defenestrando.
Parabéns Galera! Mas relaxa Allan, foi uma noite daquelas que gravam na memória.
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