O Hierofante Púrpura abriu algumas portas das suas percepções e viajou mais uma vez nas suas referências obscuras e enigmáticas. A banda , que nasceu em 2005, passa agora por um momento de encontro, onde o estilo que sustenta há quase 9 anos agora está em alta, na moda.
O braço lisérgico do rock sempre foi a pegada do “Hierofante”, os caras criaram um disco chamado “Transe Só” que se não chegou aos seus ouvidos, deveria chegar agora. Mas é de futuro e de lançamentos que uma banda vive, e agora, os paulistas de Mogi das Cruzes lançam seu clipe “I don’t know why (Mr. Airplane Man”, um clipe sombrio e psicodélico que tem a atuação de Helena Duarte com o fundo do filme “Fando and Lis” de Alejandro Jodorowsky:
Troquei uma ideia em três perguntas sobre como foi gravado esse single, já que eles prevalereceram o uso da k7, como é estar em um cenário que já foi abastecido basicamente por eles e o que podemos esperar do disco “A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia” e o porque recebem esse nome tão explicativo:
RockInPress: Você gravaram tudo em K7? O lo-fi é algo que voltou, mas que não valoriza muitos detalhes, vocês não se importam com isso? Vai ter material físico em k7 também?
HP: Gravamos em k7 em vista da sonoridade mesmo e do gravador que tínhamos em mãos (e gostamos muito de fuçar) que é um multipista 4 canais da Tascam. A coisa toda é diferente (bem diferente) da sonoridade digital, os timbres são captados de uma maneira mais “quente” a gente ouve e sente a cremosidade da coisa, saca? Muitos usam o termo Lo-Fi para definir, mas de maneira alguma carrega a alcunha de baixa fidelidade, muito pelo contrário, a fita carrega no seu som uma saturação analógica, agregando assim charme único para as gravações. Não existe por enquanto nenhuma ideia sobre lançar o material em fita cassete, mas de maneira alguma descartamos a possibilidade, até porque essa proposta voltou com muita força nos selos gringos e vários aqui do Brasil também estão aderindo a essa ideia, a essa proposta estética.
RockInPress: Vocês estão há quanto tempo com a banda? Como vocês vêem essa valorização de bandas mais psicodélicas pelo cenário fonográfico, tem alguma expectativa de aproveitar isso para irem pra fora?
HP: O Hierofante Púrpura existe desde 2005 e já nasceu nesse berço colorido da lisergia, a premissa básica sempre foi trabalhar num tipo de som que estimulasse todo e qualquer sentido ou os estados alterados da mente. A escola da psicodelia brasileira é muito rica (o que dizer da do mundo afora então?) e hoje em dia existe um terreno muito fértil para se trabalhar esse gênero que é muito diverso, aberto, expansivo e extremamente permissivo quanto ao fator de amálgama com outros ritmos e estilos, é uma viagem sem volta. O episódio recente do reconhecimento que esta rolando com a rapaziada do Boogarins é bastante interessante, pois de alguma maneira chama a atenção pra outras coisas que estão sendo criadas nesse mesmo terreno (psicodelia cantada em português) acredito que naturalmente as bandas que estiveram na ativa vão acabar chamando a atenção também quando as pessoas tiverem curiosidade de pesquisar o que de mais além acontece. Hoje em dia é muito mais simples sua banda realizar uma tour pra fora do Brasil, é tudo uma questão de organização e produção executiva, naturalmente vamos acabar realizando isso com o lançamento do nosso novo disco.
RockInPress: Como está a preparação desse disco? Quer contar um pouco do que vem aí? E claro, por que “A Sutil Arte de Esculhambar Música Alheia”?
HP: Esse novo trabalho que estamos no pente pra lançar e que se chama “A sutil arte de esculhambar música alheia” pois carrega essa característica dos trabalhos gravados em cassete. Todas gravadas no estúdio que montamos nessa casa em que moramos, chamado Mestre Felino. Mixadas e masterizadas pela Helena Duarte (atriz do clipe) e gravadas em momentos distintos durante 2012 e 2013. Vamos alterar músicas inéditas do Hierofante com algumas versões (esculhambadas ou não) de bandas que nos influenciam, são elas: Yo la Tengo, La Carne, Mr. Airplane Man, Againe e Pena Branca e Xavantinho.
O disco será lançado em parceria com o selo carioca Transfusão Noise Records, vai ser um lance virtual mesmo via BandCamp e estamos bastante ansiosos pra que a rapaziada que já curte a banda se depare com essa proposta totalmente inusitada das sonoridades e arranjos que aprontamos pra esse novo trabalho. Se a engrenagem encaixar na cabeça dos ouvintes ai vai ser só fechar os olhos desligar a mente e se deixar levar pela correnteza dessa nossa rural psicodelia.
Demais amigos!! 😀