Historicamente, o formato de banda em dupla aponta ou para samples pré-gravados ou muito peso para compensar a falta de uma segunda guitarra ou um baixo, por exemplo. Para os paulistas da HEZ o sistema funciona de forma contrária, priorizando o climático e a simplicidade de dois músicos focados apenas no violão e numa bateria abafada dando ritmo, duelando com suas vozes o destaque sentimental das canções. O resultado surpreende.
Fundada por Henrique Zarate após o término da banda Gigante Animal, a HEZ já teve Rafael Crespo (Planet Hemp e Polara) e Lucas Wirz (College e Gigante Animal) em sua formação, mas se encontrou definitivamente com Henrique no violão e composições e Cléia Oliveira, vulgo‘’Pomba’’ na bateria. Cléia conta que era fã do Gigante Animal e também da própria HEZ: “quando eles [Crespo e o Lucas] saíram, eu vi um show do HEZ só com o Henrique tocando violão e me ofereci pra tocar bateria.”
As músicas passeiam de um Pouca Vogal (projeto acústico de Humberto Gessinger após os Engenheiros do Havaí) até um pouco dos ritmos tortos do próprio Gigante Animal, passando por uma dose de psicodelismo formada pelas duas vozes em interjeições viajantes, acompanhadas por delay e momentos semitonados, acrescentando um ponto ainda mais interessante na formação das músicas. As letras descrevem o cotidiano de uma cidade, das pessoas, criando um rápido e envolvente relacionamento afetivo com o ouvinte, num processo interessante.
A banda lançou recentemente seu EP de estreia, sem nome, e contendo 7 canções gravadas de uma forma que transporta o ouvinte facilmente para ao lado da banda no estúdio. É realmente um registro mágico que pode ser encontrado para audição no site oficial da banda. A capa do trabalho é assinada por André Medeiros da banda Top Surprise. Ouça o trabalho logo abaixo: