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Girls: O hype perdura

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 Álbum: Broken Dreams Club EP

Artista: Girls

Lançamento: 22/11/2010

Gravadora: True Panther Sounds/Matador

MySpace: Girls

Rockometro: 9,0

Para o Girls, depois de uma consagração graças a um excelente trabalho produzido com uma aceitação em larga escala, continuar trançando o mesmo caminho uma vez já estabelecido pode continuar sendo vantajoso, claro que, para não especular certa monotonia faz-se necessário um mínimo de mudança possível para não fugir muito da raia vencedora. Uma variação sutil na melodia empobrecida a tornando um pouco rica para transparecer um pouco mais delicado, beliscar novas substâncias ou permanecer por mais tempo em baladinhas, o que quer que seja, o próprio Christopher Owens não taxou isso como mudança em si, mas sim o “próximo passo da banda”.

Fisicamente falando o próximo passo que o Girls dá é a criação do EP Broken Dreams Club com lançamento para o dia 22 de Novembro. O EP tratasse de um retrato falado otimizado do debut, Album, mais especificamente da primeira metade do disco com músicas como ‘Lust For Life’, ‘Laura’, ‘Ghost Mouth’ e a carinhosa ‘Hellhole Ratrace’ onde o teor pop envolvente estava mais polarizado. É como se os erros que escaparam anteriormente, se é que eles existiram, fossem dissolvidos para um produto atual mais refinado não se tratando de uma mudança totalitária apontando grandes discrepâncias entre um trabalho e outro, mas digamos que seja um complemento de relevância semelhante com minúcias, detalhes, que ganharam uma limpeza e hoje o objeto reluz mais intensamente.

O Girls havia desconstruído o pop na dita comparação com os Beach Boys colocando-o sob uma superfície com resquícios de sujeira proveniente do caseiro lo-fi, mas que ainda assim, por muito soava agradável ouví-los sem grandes prejuízos. Marmanjos brincando de fazer pop de uma forma libertina, mas que denotasse uma plenitude, hora de forma mais áspera e de letras vulgaris como ‘Big Bad Mean Mother Fucker’ , hora de forma mais suave de melodias aconchegantes como a de ‘Hellhole Ratrace’.

Preservar os adjetivos ligados ao pop sem submetê-los a bruscos intrometimentos de guitarras grosseiras a fim de estilhaçar qualquer embalo que suas músicas nos levam, é a linha que o grupo californiano ressaltou para o EP. Acordar de manhã cedo, abrir a janela de frente ao mar sentir a brisa bater em nossos rostos enquanto a levada puramente praiana de ‘Thee Oh So Protective One’ entrar em nossos ouvidos e lá fica nos coagindo a soltar alguns passos marotos na areia impulsionados por uma linha de metais pomposa que enriquecem sua linha caseira.

Sabendo resolver a fórmula pop sem denotar ares de melosidade o single sucessor dos demais é a promissora e carismática ‘Heartbreaker’ atingindo o ápice pop do Girls com xilofone entrando em ação e nesse momento ouvindo Owens modular sua voz para forjar um teor quase meloso seguido de um solinho marejado. Com ‘Broken Dream Club’ o Girls encontra-se agora no alt-country caracterizado por solos de guitarra de curto prazo e psicodélicas que reverberam lá por trás e criam um clima melancólico de desastre contemplado pela cantarolar trôpego de Owens. Com o ânimo renovado ‘Alright’ traz as espirituosas guitarras ao melhor estilo Mark Knopfler do Dire Straits feito uma inspiração repentina e passageira.

A veia pop do Girls vai se delongando ao longo do EP embora passe por algumas curvas o que não interrompe o percurso da banda. Bastar pegar o “q” emotivo que a cadenciada ‘Substance’ carrega onde seus sentimentos profundos podem ser expressos e quando finalmente aparece uma garota pra cantar, lá no final, e fazer jus ao nome da banda. Em contrapartida os 7min de ‘Carolina’ traça três rumos: a psicodélia de múltiplas cores que acaba ficando opaca por ruídos prevalecentes num momento seco da faixa que aos poucos vai se tornando mais maleável.

De fato o hype para o Girls foi válido e perdura com esse EP convincente e provavelmente perdurará até o próximo passo da banda!

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