Se você passou a vida toda atrás dos holofotes, pode ser diferente mudar de lado e ir para frente do palco. Junte a isso a vontade de se mostrar além dos apelidos dos amigos, do personagem da noite, do produtor musical e do que todos estão acostumados a ver. Esse passo duro e difícil foi dado com cara de timidez por Filipe Mariz, ex-Troco em Bala e The Mozões com seu trabalho de estreia, “Meu Nome Não é Possa”.
A obra é formada por sete canções sem estilo definido mas que contam a história de amor e insegurança de um jovem da capital alagoana. Para essa empreitada, Filipe convidou diversos amigos presentes na cena de Maceió e ajudou a montar um panorama da música feita no estado através de sua própria visão de canção.
Com destaque para “Natalí” (com Lorena Firmino) e “Sinto Falta” (com Felipe de Vas), a curta obra apaixona, mas dói, principalmente quando o tema das músicas passam por saudade e insegurança, sentimentos que todos ao menos uma vez passamos e nos ajuda a nos situar nas melodias calmas e sedutoras da obra.
“Meu Nome Não é Possa” é uma estreia com várias vozes de uma única mente. O registro está disponível exclusivamente no Youtube até a sexta, 4/5, quando entra em todas as plataformas de streaming. Filipe ainda não tem redes sociais oficiais como artista, site ou até um release propriamente dito, mas construiu uma obra sincera que, apesar dessa sua timidez ou inexperiência a frente de um projeto, torna grandioso e importante ouvir simplesmente para… sentir.
Entrevista: Filipe Mariz
O disco passa muito sentimento de insegurança interna, de intensidade de sentimento. Ele é baseado em algum período específico da sua vida?
As musicas são recentes. A primeira música fiz pra uma ex, num momento bem complicado da vida. A segunda já sou eu conhecendo a minha atual namorada antes mesmo da gente ficar e tal. A última música a gente tinha se separado e eu fiz reproduzindo palavras que ela disse pra mim (poucos meses atrás) – nós reatamos o namoro logo depois dessa música. Infelizmente (ou felizmente) só consigo escrever em momentos conturbadas da vida. As músicas estão na ordem que compus e acompanho esses momentos da minha atual relação. Mas sim, ele reflete uma parte minha que não mostro tanto para as pessoas. O nome é justamente um convite para conhecerem mais de mim.
E porque não cantar solo, por você mesmo? Porque estar do lado de amigos para o microfone?
Eu tenho consciência que não sei cantar, mas ainda assim eu tento em “Natali”, “Medo” e “Sinto Falta”, com backs, segunda voz e vocalizes (ps. Afino a voz bem legal). Escolhi as pessoas tanto por afinidade como por achar que combinaria a voz com a música e sou muito grato a todo mundo que participou e tocou nesse disco.
Filipe Mariz – Meu Nome Não é Possa
O passo entre produzir e compor é grande. Como você sente esse salto e o que diferencia os momentos para você?
A primeira vez que soltei algo assim foi no disco do The Mozões. Fiz a música “Possa Crer” junto com o Bruno Berle, antigo colega de Troco em Bala, e desde lá comecei a me arriscar mais. É bem estranho tirar um projeto do papel quando é “solitário” assim. A prioridade como produtor sempre é dos clientes ou parceiros, então tive que me forçar a parar a rotina do estúdio para fazer minhas próprias coisas. Por sorte conto com músicos maravilhosos e meu fiel parceiro Fellipe Pereira (ex-Troco em Bala e The Mozões) que acompanhou todo o processo e me ajudou a filtrar as coisas da minha cabeça.
Eu tenho consciência dos erros do disco, tanto como composição, arranjo, timbres, mix, master, mas chega uma hora que se torna insuportável continuar e o disco tinha que vir ao mundo.
O disco é uma espécie de reflexo da cena alagoana atual. O que e como você vê a movimentação da cena no sentido de unidade?
Acho que houveram alguns momentos onde as bandas e artistas se movimentavam mais. Em toda cidade existe isso. Vez por outras, pessoas da mesma idade de seguimentos parecidos, tentando dar suporte mútuo, mas no final é sempre cada um remando pro seu lado. Outro momento tentei com amigos fazer algo mais conjunto e deu origem ao The Mozões, infelizmente acabou e desde de lá observo que surgiram outras pessoas que já tinham bandas fazendo seus trabalhos solos, mas sinto que Maceió é fora da rota e hoje me questiono mais ainda se existe essa rota.
Explique a história do seu apelido Possa Crer.
Como qualquer apelido infantil, eu falava bastante “possa crer” e acabou que pegou, incorporei e hoje quando vou discotecar em festas utilizo o nome de “possacrazy” e tem outras variações como possacrente e possacreu, vai depender muito da ocasião.
[…] Filipe Mariz: A cena alagoana, o produtor cantor e uma reapresentação […]