Festival Nova Música Brasileira do Laboratório Pop é uma Enganação

Foto por Laboratório Pop

O que seria a ‘Nova Música Brasileira‘? A julgar pela expressão forte e pela conotação importante do termo, devemos esperar algo no mínimo salvador. Talvez tenha sido com esse intuito que o site de entretenimentos  Laboratório Pop resolveu nomear seu último festival,  feito com um formato antigo de batalhas de bandas em seletivas, que se distanciam do que a organização tanto prega: “salvar a cena carioca”, já que seguindo esse padrão de competição, só o que conseguirá é fomentar a rivalidade entre as já separadas bandas formadoras da cena.

O tal festival não é tão salvador assim: o foco é levar o público a encher a casa e render mais entradas.  Quem não pode levar  seu público já se sentiu perdedor, ainda mais porque  esse quesito valia 5 votos, sendo que a mesa do juri era composta por 13 pessoas (sendo 5 da própria Laboratório Pop) e obviamente ficaria a cargo do público decidir. A entrada, em plena terça-feira, custava amargos 20 reais, (pagamento na hora), mesmo tendo o patrocínio de empresas privadas e edital do governo – até a Multishow estava dando apoio. Nas eliminatórias, teve banda que ganhou 200 reais (nada mais justo) mas a final do evento foi diferente: Nenhuma banda ganhou cachê e nem foram avisados previamente disso, tendo que pagar, por si próprias, os transportes. Tendo  em vista que o site oficial deles informa que cerca de 500 pessoas estiveram no local nesta terça-feira: (500 x 20,00 = 10.000 reais, como alguns ingressos tiveram desconto, digamos que foram 7000) a casa (o belo Espaço vintage) só levou o bar e a organização patrocinada (a Lab Pop) embolsou o montante. Dava para financiar, pelo menos o transporte das bandas. Daí a explicação para o discurso inflamado do apresentador do evento sobre a questão  das bandas tocarem de graça. Alias, água?!… Só na comanda da produção ou no palco, ainda por cima, quente e somente durante a apresentação das bandas.

Depois de quatro seletivas onde somente uma banda de cada dia chegou na final, o juri do festival Nova Música Brasileira elegeu como vencedora uma banda calcada num som americano do fim dos anos 70, que aqui no Brasil já é aproveitado aos baldes pelo Rock Rocket e outras inúmeras bandas da nossa rica cena independente. O nome da banda é  Los Bife. Não tem nada de Nova Música. No site oficial da produtora, o anúncio do vencedor deixa claro que, na verdade, o Los Bife não deveria ter ganho. O tal anúncio foi escrito em um post, possivelmente tendencioso, feito pelo mesmo membro do juri que votou na banda segundo colocada: Carlos Posada e o Clã da Pá Virada.

Dorgas, foto de André Teixeira

Neste post está claro que Carlos Posada só não levou porque não executou um cover em sua apresentação. Esse cover não estava no regulamento do festival e foi uma invenção que só chegou no email das bandas 5 dias antes do show da final. Quem não conseguisse ensaiar, que se virasse. O Dorgas, por exemplo, foi proibido pela produção de tocar um cover de Los Bife, banda amiga (isso aconteceu um dia antes do evento). Por conta disso, a banda, em pleno  uso de sua liberdade de escolha  tocou uma canção de 3 segundos exatos, criada por uma banda fictícia de um filme adolescente. Torna-se ofensivo o fato da ‘Nova Música Brasileira‘ ter que tocar um cover dentro do curto espaço de tempo  (30 minutos), deslocando as  bandas que construíram seu repertório com criatividade e afinco, e que jamais tocaram cover na vida.

O som no talo, estourando os ouvidos, ajudou a banda vencedora, que tem um som que mais facilmente se encaixa neste tipo de local. Além do mais, nenhuma banda pode passar o som antes, somente a banda convidada (Tipo Uísque). No fim, Los Bife fez uma grande apresentação e ganhou porque foi a que mais levou público, e não porque os jurados votaram a favor deles, segundo o próprio post do site; O Dorgas fez uma apresentação cheia de problemas técnicos, além de demonstrar inexperiência e nervosismo. Se for levado em conta  o nome do festival, os promissores jovens da banda é que deveriam  levantar o caneco; O Um Porém Dois só empolgava quando o tecladista assumia os vocais, mas deu um show de técnica; E Carlos Pousada e o Clã da Pá Virada acabaram saindo injustiçados, mesmo tento um som que em tese, já está ultrapassado.

E o Los Bife saiu de lá com uma grande placa de vencedor. Além disso, os outros prêmios que levaram foram: a oportunidade de  tocar sem parar na rádio Laboratório Pop (aquela rádio online que ninguém conhece), participar de um grande festival (aquele que nunca foi anunciado), destaque editorial na Laboratório Pop (algo que os blogs já fazem para todas as bandas) e prensagem do CD pela gravadora Go2Music (qual formato? SMD, Webpack, Digipack, Acrílico? Vai ter encarte? Quantas folhas? Serão prensados quantos cds? E a distribuição?) – é… nada disso está escrito no regulamento do evento… alias, que regulamento? Teve gente que não recebeu o tal regulamento até hoje. Bem, estamos aqui abertos a correções, aos produtores, às bandas, aos fãs e a quem quiser opinar.