O Festival Faro MPB se tornou uma das principais datas no calendário carioca. Chegando a sua 4ª edição, desta vez na casa de show Miranda, o festival se firma como sinônimo da nova cena musical, trazendo sempre os principais nomes do ano. Nas últimas edições, o Festival contou com Tulipa Ruiz, Lucas Santtana, Criolo, Marcelo Jeneci,Tiê, Arnaldo Antunes, Cícero e CéU e dessa vez trás o quarteto: Clarice Falcão, Brunno Monteiro, Vanguart e Emicida.
Na quinta-feira chuvosa do dia 03 de Outubro, a casa de show foi tomada por jovens a espera da lindinha da Clarice Falcão. Com a bela “Esqueci Você” ela abriu a edição 2013 do Festival. A Clarice estava travada no palco e até a performance, que é o ponto alto do seu show, estava estranha. As poucos ela foi se acostumando, trazendo piadinhas para quebrar o gelo e recebendo a resposta do público.
Um dos pontos altos do show é a pluralidade da banda, que fazia a sua primeira apresentação com apenas Beto Lemos e Ricco Viana. Violinos, sanfonas, violões, ukeleles, entre outros, traziam uma bela atmosfera ao show e conseguiam nos surpreender a cada canção. Havia uma bela sintonia entre a cantora e os músicos, como no sapateado em Fred Astaire, e isso fica mais nítido ainda em um show intimista.
Havia um bar ao lado do palco e faltou ao Miranda um pouco de bom senso de fecha-lo durante as apresentações. Toda hora a apresentação era atrapalhada pela coqueteleira do barman e ninguém fazia nada. Era como se a Clarice fosse uma cantora de churrascaria e não fosse importante.
O formato da apresentação da Clarice é bem claro, intercalando canções com piadinhas, e ao mesmo tempo que agrada um público em hype, atrapalha o ritmo. A banda que a acompanha é excelente e as canções de “Monomania” possuem potencial de fazer uma experiência incrível, falta a Clarice mais ousadia.
Depois foi a vez de Brunno Monteiro subir ao palco do Miranda, que já estava um pouco vazio, e trouxe uma antítese do show da Clarice. A presença de palco dele era muito forte e emendava uma música na outra, criando uma atmosfera muito boa. O único destoo era a voz abafada pela banda.
As participações de Vulgue Tostoi e Pedro Luís faziam o Brunno se libertar mais, tornado a apresentação mais bela. “Se Entender” no ukelele foi um dos pontos altos apresentação e a sintonia com o teclado ajudou bastante, mas a coqueteleira do barman atrapalhou novamente. O cantor também tocou a nova “Desperto“, música do Artur Nogueira.
Já na sexta-feira, dia 04 de Outubro, foi a vez do Vanguart abrir a noite e trazer o seu indie folk ao palco do Miranda. Com foco no novo álbum “Muito Mais que o Amor”, mas sem deixar de lado os seus principais sucessos, a banda encontrou o ponto certo e fez uma bela apresentação. A entrada da violinista Fernanda Kostchak foi um acerto e a sintonia dela com a banda é excelente.
O Vanguart trouxe uma atmosfera de felicidade e a voz do Hélio em “Cachaça” estava incrível. No inicio do show a bateria do Douglas Godoy estava destoando, mas com o tempo isso foi se acertando. A química e a cumplicidade entre o David (Guitarra) e a Fernanda também era nítida e encantava.
O show intercalava momentos viscerais com emocionais e contou com a participação da Paula Toller em “Pra onde eu devo ir”, “Havert Moon” do Neil Young e “Grand Hotel” do Kid Abelha. O bis foi uma crescente, “Semáforo” levou a plateia ao delírio enquato o violino em”Mi vida eres tu” deu uma linda roupagem a canção. O Vanguart terminou com “Na Bala”, deixando um gostinho de quero mais aos fãs, que cantavam todas as músicas durante a apresentação.
Declamando que”música é nossa religião“, Emicida quebrou tudo e fechou as duas noites do Festival com chave de ouro. Sua presença de palco é surreal e passa a sensação que está a dois passos da gente. Outro ponto forte é o carinho dele com a plateia e seus companheiros de palco, a humildade também fica nítida numa conversa com o seu dj. O show contou com a participação do rapper Rael, que possui uma voz incrível.
O Miranda virou uma exaltação e músicas como “Zoião” faziam a plateia delirar. Ele dedicou “Outras Palavras” a briga dos professores no Rio de Janeiro: “Sempre ouvi que sem advogados não se faz justiça, mas sem professores não faz porra nenhuma”. No bis, ele brincava com a plateia e nessa levada aqueceu novamente o público fechando em grande estilo.
Fotos por Jéssica Menezes‘, veja o álbum completo aqui.