A 4º edição do Festival de Música Ibero-Americano “El Mapa de Todos” já poderia ser considerado um sucesso por único motivo: quem lá esteve se surpreendeu com cada atração, mas não foi só isso. Com shows pontuais, porém sem bis, o festival mostrou porque é o evento de integração musical mais importante do Brasil, e talvez nunca tenha honrado tanto a palavra integração que carrega consigo, levando ao palco 15 bandas de diferentes nacionalidades que passaram pelo rock, rap, funk, reggae, tango, bossa, MPB, enfim tantos ritmos que fica impossível de citar todos. Além disso este ano o fetival não ficou só nos shows, começando no sábado(23) com exibição de documentários latinos, a exposição “Objetos antes chamados discos” e o seminário “Integração Pela Música” realizados ao longo da semana.
O grande momento da celebração teve inicio pontualmente as 21hs da terça-feira(27), e o primeiro artista a se apresentar no palco do Bar Opinião foi o cantor e compositor gaúcho Ian Ramil que mesmo com um público pequeno, ainda no início da noite, não se abalou e mostrou porque é considerado umas das vozes em ascensão na cena independente do RS. Acompanho pela belíssima banda composta por Felipe Zancanarro (Apanhador Só) na guitarra e a Martin Estevez (ex-Apanhador Só) na bateria além do baixo de Guilherme Ceron e a clarineta de Pedro DOM, Ian tocou canções, que estarão no seu CD de estreia a ser lançado em 2014, destacando destas “Pelicano” e “Zero e Um” e ao se despedir arrancou aplausos e pedidos de bis dos que ali estavam.
Na sequência foi a vez das Las Acevedo, duo formado pelas irmãs gêmeas Cristabel e Anabel vindas lá da República Dominicana. Apenas com um violão e percussão elas mostraram o quão belo pode ser o simples e após a terceira música as meninas já haviam cativado o público que, embora não conhecesse as letras, acompanhou atentamente todas as canções com palmas. Outro artista internacional que se apresentou na mesma noite foi o uruguaio Max Capote, ele entrou no palco como que não quer nada e carregando consigo um copo de whisky levou a loucura o público presente. Um cara de poucas palavras mais de atitude: o cantor desceu do palco, pulou a grade de contensão e invadiu a pista surpreendendo os seguranças e conquistando a galera. Antes disso, já com a pista quase lotada, teve a chalaça do Acústicos e Valvulados, a banda abriu o show com o”Dia D” e teve todas as músicas cantadas pelos fãs que foram contempladas com a inédita “Meio Doido e Vagabundo”, no final Rafael Malenotti agradeceu e enfatizou a forte cena do Rock Gaúcho que não pode parar, fechando ao som de “Remédio”. Para encerrar a primeira noite a Comunidade Nin-Jitsu com sua mistura de rock, reggae, funk e rap, cantando seus principais hits como “Cowboy”, “Detetive”, “Martini” além de tantos outros conhecidos pela galera e ainda contou com a participação de Edu K., por ser o último show da noite esse sim teve tempo pra bis com direito a plateia subir no palco pra dançar.
No segundo dia, novamente o público inicial era pequeno, bem fez quem chegou cedo e teve a chance de ver os brasilienses da banda instrumental Esperando Rei Zula, tocando suas versões para Villa Lobos cheio de classe e muita qualidade e que ainda teve participação especial de Tonho Crocco.
Com intuito de agregar ao festival ‘silêncio e barulho, afago e porrada, introspecção e loucura, como a cidade de Curitiba’ a ruído/mm fez um rock instrumental de alto nível, arrancado aplausos e elogios de todos. Natural de Gravataí(RS) a banda Frida foi a terceira da noite, no que eu considero um dos shows mais emocionantes do festival, era impossível não ser contagiada pela alegria e satisfação dos garotos que estavam no palco para o primeiro grande show da carreira, mas além disso nos contemplaram com um som potente mostrando que estão prontos para estar entres os grandes do rock sulista.
Para fechar a segunda noite duas bandas de fora, primeiro um show apático dos argentinos do Valle de Muñecas que, embora seja considerada umas das bandas mais importantes do rock argentino, deixou a desejar e enquanto tocavam o Opinião ia sendo tomado por bandeiras uruguaias e cada espaço que ainda restava era preenchido pelos fãs da banda La Vela Puerca que fariam na sequência o show mais esperado dessa edição do evento. Na voz não só de Sebastián Teysera mas também de toda a galera que lotava a casa o que se viu foi um espetáculo tanto dos músicos da La Vela Puerca, quanto do público, que com certeza entrou para a história do El Mapa.
Na quinta-feira (29), último dia de shows, mais um representante da nova música gaúcha ficou responsável por abril o palco, a banda O Coringa de Novo Hamburgo(RS) levou um som qualidade, tendo como destaque o violino de Marcella Santiago, instrumento não muito comum na formação das bandas. Quem trouxe a melhor proposta musical para o festival foi, com certeza, o duo Finlândia formado pelo argentino Mauricio Candussi(nos teclados e acordeon) e pelo brasileiro Raphael Evangelista (no violoncelo). Os garotos fazem uma fusão de ritmos sul-americanos, tango, bossa nova, baião, saya e xote um pouco de tudo isso na medida certa criando uma identidade única.
O colombiano Estebam Copete y su Kinteto Pacífico levou música caribenha ao palco e fez sucesso entre o público pelo carisma e descontração, um show divertido e dançante. Na despedida internacional mais uma vez a pista lotada e mais um belo show de rock, com 15 anos de carreira completados recentemente os venezuelanos do Los Mentas fizeram todo mundo cantar e suas camisetas foram sucesso de vendas. Pra terminar esta edição do El Mapa de Todos mais uma apresentação que agradou o a todos, dessa vez dos anfitriões da Ultramen que, com mais de 20 anos de carreira, não tinham como ficar aquém das expectativas e mesmo quem estava cansado não conseguiu ficar parado.
Enfim, o que vi nesses três dias do El Mapa de Todos foi além do que muitos esperavam, só fica a dúvida se o destaque maior vai para o público que demonstrou um respeito e aceitação muito grande por todos os artistas (todos mesmo), ou para os músicos que deram o seu melhor, sendo pra 50 ou 500 pessoas. Que venha a quinta, a sexta, a sétima edição, Porto Alegre está de braços e ouvidos abertos para receber a cena independente do Brasil e os vizinhos Latinos.
(Fotos por Pedro Tesch, você poder ver mais na pagina oficial do El Mapa de Todos)