Em sua nona edição, o Festival Contato, em São Carlos (interior de São Paulo), promoveu a mescla de diferentes artistas que, apesar de carreiras e trajetórias díspares, se encontram no ponto comum da independência de seus trabalhos.
Se o primeiro dia foi fechado pela ‘veterana’ Tulipa Ruiz, “novatos” como Jaloo não deixaram o público menos satisfeito – apesar do abismo entre os talentos. É fato que a presença de Tulipa no sábado, 17, levou mais gente ao Parque do Bicão que as atrações do domingo. Mas quem viu a banda Aláfia fazendo o último show do festival, conferiu uma apresentação não só musical, mas também ideológica e militante.
Mas vamos à ordem das coisas:
A psicodelia e talentos do sábado
A banda são carlense Song and a Dance Men abriu o festival para os poucos interessados que já estavam no palco Contato (principal). Apesar de atrasado, o show começou enquanto sol e calor estavam bem fortes, mas manteve pouca empolgação. Mais tarde, Maglore assumiu o lugar, enquanto Quarto Negro subia no palco Arena. Os dois shows tinham suas semelhanças, com a divulgação dos discos de ambas lançados este ano (“III” e “Amor Violento”, respectivamente). Quem escolheu Maglore curtiu uma apresentação mais animada. Quem optou pelo Quarto Negro garantiu a vibe mais intimista. Com trabalhos diferentes, mas competentes, dificilmente alguém se arrependeu de qualquer uma das escolhas que fez.
A banda INKY foi a responsável por aumentar a densidade do clima. Mais Rock n Roll e com aquela pegadinha Portishead, fizeram um show interessante, mas que logo ficou esquecido com a chegada dos goianos da Boogarins. Como em todo festival, o setlist foi reduzido. O que é sempre de se lamentar num caso assim, de uma banda como a Boogarins. Falar da apresentação é chover no molhado: apresentação perfeita, empolgante, psicodelia nas alturas, a bateria de Ynaiã Benthroldo matadora e a sutileza dos vocais de Dinho Almeida que, sempre rende comparações ao estilão Jimi Hendrix.
Donos da casa, o Aeromoças e Tenistas Russas fez do show o lançamento de seu terceiro disco, “Positrônico”. Se no álbum já percebemos mais maturidade da banda, no palco não é diferente. Totalmente intimistas e concentrados em seus instrumentos, os quatro integrantes conseguem transmitir com seu som instrumental uma sensação um tanto inexplicável de bem-estar. Era só perceber que, conhecedores ou não do som do ATR, ninguém ali deixou de prestar atenção nas músicas.
Tulipa Ruiz seguiu o setlist de suas últimas apresentações, começando com “Prumo”. “Físico”, “Só Sei Dançar Com Você”, “Proporcional” e “Víbora” não ficaram de fora. Esta última ganha performance mais trabalhada e intensa. Tulipa sempre causa a mesma reação de “como canta essa mulher!”, não importa quantas vezes você já a viu ao vivo. E em São Carlos, antes de se entregar a uma noite de Gim Tônica na balada, ela não deixou outra sensação a não ser essa.
Domingo dançante
Começando com a lambada debochada do Figueroas, que mesmo se você não desse a mínima para a música, copiaria algum dos passinhos que Givly Simons faz. É como estar num grande baile brega. “Melô do Jonas” e “Bangladesh” poderiam rolar num karaokê cafona. E essa é a graça! É tão caricato que é divertido, mas não que alguém peça um bis.
A parte “séria” do dia dançante ficou mesmo com a Francisco, El Hombre. O encaixe vocal de Mateo, Sebástian e Juliana é sempre uma delícia de acompanhar. Delícia também é ver a alegria com que Mateo toca cada canção. Quanta energia! Se tem uma banda que consegue de fato transmitir positividade ao público, essa é a Francisco, El Hombre. Destaque para as performances de “La Pachanga” e “Dicen”.
Jaloo conquistou de cara pela simpatia. Logo na primeira música, o paraense desceu do palco e andou em meio as pessoas cumprimentando-as. Conversou o show todo, principalmente pedindo desculpas a cada erro. Ele é visualmente interessante e, assim como Figueroas, faz do caricato sua identidade. Mostrou as faixas de seu EP, “Insight”, e viu a galera comemorar quando tocou sua versão de “Oblivion”, da Grimes. Sem tanto material, o show foi curto, mas agradou.
A espanhola Indee Style deu entrada ao Hip Hop. Falante, cheia de coreografias e rimas improvisadas, foi ok, mas em alguns momentos parecia que não acabaria nunca. A apresentação serviu mais como gancho para Tássia Reis e Rico Dalasam que, aí sim, mostraram um rap de letras “tapa na cara” que deixou todo mundo bem na pegada.
Para fechar, a mistura de ritmos da Aláfia foi mais que bem-vinda. Atualmente, a banda tem feito um dos shows mais fortes do cenário nacional. A junção de Xênia França, Eduardo Brechó e Jairo Pereira é quase transcendental. Aliás é o que eles desejam passar com suas músicas – uma mescla de espiritualidade, consciência social e igualdade. Xênia é hipnotizante. Brechó também. E a forma como cada canção soa como discurso contra o preconceito funciona, muitas vezes, mais do que as pausas para os discursos de fato. Não à toa o público pediu um bis até conseguir (já que havia acabado mesmo!). A simpatia e disponibilidade dos músicos com os fãs no pós show também é louvável.
De balanço, fica uma experiência das mais agradáveis e, principalmente, os parabéns para a realização do Instituto Contato junto ao desejo de que mais iniciativas assim tragam para o interior artistas que são frequentes na cena independente das capitais.
Producen disfunción eréctil por diversos mecanismos.
Esto a menudo se debe a otros factores como la fatiga, el estrés, los medicamentos, el alcohol o el uso de drogas ilegales.