Festival Bananada: doses de experimentalismo e grandes nomes fazem público ferver nos dois últimos dias
De Goiânia
Fotos e vídeo: Marcus Turíbio
Após quatro dias de uma programação que passava por diversas experiências, como já dissemos aqui, o Festival Bananada teve em seus dois últimos dias uma concentração das melhores bandas da grade.
No sábado, foram três shows que nos chamaram atenção durante a programação, o primeiro deles foi o show dos paulistanos da INKY, que apresentaram seu disco Primal Swag em um clima dançante que fez a plateia ainda tímida ensaiar bons passos, canções como “Fish Delay” e “Baby Reptile” marcaram o alto de um show bem produzido e com poucas arestas.
Na sequência o Loomer, do Rio Grande do Sul, surpreendeu com uma pegada ala Pixies onde os vocais femininos encaixavam perfeitamente na vibe Kim Deal e manteve a animação do público surpreendido com o estilo noventista.
O público parece não ter entendido muito bem a vibe do Aldo, na real nem nós, o vocalista que tenta sustentar um eletro-clash pós CSS parece forçado e sem nenhum carisma. Pula, dança, rebola, bate na bateria, e não faz o seu papel de front, deixando todo o destaque para o groove do baixo que segurou a apresentação.
Mas o ápice da noite começaria no palco dois, onde Tatá Aeroplano adentrou vestido de pássaro, junto de seus companheiros do Cérebro Eletrônico, ele criou uma atmosférica digna de Secos e Molhados, Mutantes e até mesmo do finado Jumbo Elektro. Uma personalidade ímpar em palco, que mudava de roupa a cada canção foi o que prende a atenção dos presentes como uma peça teatral a céu aberto.
Dando uma interrupção na onda psicodélica, o Bidê ou Balde fez seu show clássico, cheio de energia e hits. Mas o que brilhou naquela noite de 17 de maio foi a banda Boogarins, que após 3 meses de turnê por Europa e América do Norte, retornaram para casa com um show mais maduro nas experimentações, nos momentos de solo e na conversa direta com o público, já que tocar em casa é o maior prazer para aquela galera.
“Avalanche” foi a canção que abriu o show, essa que estará no segundo disco da banda, já confirmado exclusivamente para o RockInPress, a apresentação teve uma das maiores concentrações de audiência da noite, “Hoje Aprendi de Verdade” e canções do disco “As Plantas que curam” saiam da boca dos goianos como hino durante aquela noite.
O Móveis Coloniais de Acaju começou o seu show com sombras, coberto por um tecido, o palco criou o mistério necessário para na sequência fazer o público enlouquecer na apresentação que se concentraria nas canções do disco “De Lá até aqui” mas que também traria os hits como “O Tempo” para fechar o sábado.
Mas engana-se quem achou que acabaria por aí, no domingo o primeiro show começou por volta das 18h30 e mesmo sendo cedo, o Overfuzz fez a lição de casa e mostrou porque são uma das bandas mais respeitadas no local, sem medo de soar como um filho do Motorhead, os caras mandaram ver com músicas como “Demon Eyes” e “Turning Yor Beauty Into a Sickness” (essa merece um destaque, ouçam aqui). Apesar de seu baterista ausente, os caras chamaram o baterista da Hellbenders, Rodrigo Andrade, que segurou muito bem a onda.
Os gritos e cabelos começaram a bater com o show obscuro do Krow (MG), mas a energia para criar uma roda de pogo ficaria por conta do instrumental da Huey (SP) , que com sua própria caravana de amigos – que estavam por todos os cantos com as camisetas – e suas três guitarras, mostravam porque já estavam em uma das posições de destaque na grade do festival.
Na sequência, o Sugar Kane (PR) fez os adoradores do hardcore se decepcionarem, com letras nada complexas e uma batida um tanto quanto insistente. Com isso, as nossas atenções já se voltaram para o palco um novamente, onde se apresentaria a banda destaque daquela noite, The Legendary Tigerman (Portugal).
Com letras em inglês, mas falando com a plateia em português, o duo de bateria e guitarra soou como White Stripes e o Kills e prendeu a atenção dos presentes do começo ao fim, instigando o público ainda mais quando Paulo Furtado resolveu tocar guitarra e um segundo bumbo de bateria ao mesmo tempo.
Mas o rock não acabaria por ali. Ainda naquela noite se apresentariam quatro atrações, a primeira das últimas era o Far From Alaska que em seu primeiro show do disco de estréia fez uma apresentação um pouco baixa, porém segura com a atitude de sua vocalista, Emily segurou toda a sua energia contida durante meses de expectativa e mostrou que ser uma vocalista mulher em uma cena predominante masculina, para ela não faria diferença.
Como um bom semeador, o festival colocou uma das principais bandas locais para fazer o penúltimo show. O Hellbenders, que após uma turnê paulista do disco “Brand New Fear” faria seu primeiro show na cidade, soou realmente como a prata da casa, brilhando e fazendo o Centro Cultural Oscar Niemeyer se emocionar com o que a cidade tem de melhor.
Fechando com Emicida, que apresentou seu disco “O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui” o festival bananada mostrou uma curadoria com boas apostas, nomes já marcados, mas que ainda assim soam inovadores e uma organização impecável. Ao fim de uma semana de festival, Goiânia mais uma vez mostra que é um celeiro não apenas de bandas, mas de produções locais que sabem valorizar o que o Brasil.