Foto: Pedro Margherito
De Goiânia
O Festival Bananda 2014 começou na última segunda-feira (12) com grande expectativa para uma semana recheada de atrações nos campos da música, skate, gastronomia e intervenções visuais. Os primeiros shows aconteceram no simbólico Teatro Goiânia, com as bandas Metá Metá e Os Mulheres Negras em uma noite que já valeu pelo festival todo. As músicas de umbanda-moderna do disco MetáL MetáL (2013) impactaram o público que pulava, dançava e não se aguentava nas poltronas.
O Teatro, que possui uma história mais do que simbólica para a cena Goiana – graças a figura de Carlos Brandão, que esteve a frente durante anos influênciando a cena independente local – estava lotada com pessoas de todas as idades e que demonstravam conhecer a obra da banda paulista cantando todos os “pontos” e fazendo da apresentação um terrero 2.0.
Com solos de sax e bateria a banda exibiu seu experimentalismo de maneira igualitária, dando destaque para as ferragens, cordas, sopros e vocais de Juçara Marçal, criando uma atmosfera única e que ora não deixava o público piscar, ora arrancava assovios e gritos.
Na sequência, após minutos de palmas em pé, a organização acoplou o pequeno palco d’Os Mulheres Negras, que contando com um repertório cheio de piadas sagazes e interações do público permaneceram no palco por mais de uma hora e meia. A música “Barueri” exemplifica a desconstrução da fonética, que se tornava novamente um termo indígena e não apenas o nome da cidade paulista. Isso pode exemplificar até onde vai a loucura da língua portuguesa na cabeça do “DEVO” brasileiro.
Foto: Pedro Margherito
E, a reavaliação do que realmente importante como qualidade de áudio vem como reflexão da plateia ao ver Mauricio Pereira usar algumas das bases do show em um celular simples. Até onde é relevante a tal “qualidade” , quando se preza pela criação em questões cotidianas vista de uma maneira nada comum?
Tempo estourado então estourado e meio, o duo chamou ao palco o Metá Metá de volta aos palcos criando o “MetáNegras” ou “Os Mulheres Metá”, nomes sugeridos por Andé Abujamra para a brincadeira de jam proposta por eles.
Após os primeiros shows, o evento seguiu para a casa El Club, onde percorreu a madrugada com discotecagens de Adriano Cintra (Madrid) Gorky (Bonde do Rolê) e Kurtz (A Gambiarra).
Já no segundo dia, o evento fazia ponte entre a livraria Fnac que recebia os shows do simbólico Carlos Brandão – figura ilustre da cena musical de goiás, que administrando por mais de 7 anos o Centro Cultural Martim Cererê e responsável pela revitalização do próprio Teatro Goiânia, com eventos que envolviam música e poesia é tido como um dos grandes cabeças da movimentação musical local- e de Bebel Roriz, revelação como vocal feminino solo do centro-oeste e o Teatro Goiânia com shows de Rafael Stefanini e Bruna Mendez.
Em apenas três dias de festival, a cidade mais uma vez prova que tem estrutura necessária, carisma e uma história musical para contar, seria tolice tentar entender o calor goiano sem estudar a sua história.