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Bixiga 70 leva música cada vez mais longe com novo disco e fala sobre apresentações internacionais

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bixiga70
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Há um interessante mapa cultural brasileiro preenchendo com música as avenidas e cidades ao redor do mundo. Quase como se pudesse criar uma rota de fuga do dance, indie rock e pop presente na cultura de massa, bandas brasileiras  “100% independentes” dão as caras a públicos de idiomas excêntricos, e mostram que música não se resume ao que toca nas rádios ou ao que faz sucesso na internet. Existe muito mais além disso.

Essa é a principal mensagem que o Bixiga 70 quer passar em todos os seus shows. Seja no Brasil, na Suécia, na França, em Nova York, na Alemanha ou até na África, quando os 10 integrantes sobem ao palco, é hora de esquecer tudo o que você ouviu antes e prestar atenção. Mais do que uma banda “de quatro integrantes”, o Bixiga cresce em corpo – pela presença de tanta gente no palco – e em música. Trompetes, percussões e saxes se misturam a baixo, bateria e guitarra, numa composição intensa que dispensa vocais. Para eles, cada apresentação é única, “cada lugar vai ser de um jeito e é por isso que a gente quer mais é levar o som cada vez mais longe”.

Na intensa vontade de fazer um som universal e de chegar aos ouvidos do máximo de pessoas possível, o Bixiga 70 conta com a internet para propagar sua mensagem, sua música. Depois de dois álbuns e três EPs, os paulistanos liberam para nós o novo e autointitulado novo disco. (Ouça logo acima)

A última apresentação internacional da banda aconteceu recentemente, em Nova York, no globalFEST. De volta ao Brasil, pedimos um tempinho na agenda de Maurício Fleury (teclado e guitarra) para conversar sobre essa mistura de ritmos e sons que se propagam pelos distintos espaços e públicos dos países que eles visitaram, e voltarão a visitar. O resultado, você confere logo abaixo:

1 – Já faz um certo tempo que vocês estão se apresentando em diferentes países do mundo. Suécia, Alemanha, Holanda, França foram alguns, e o mais recente em Nova York, no globalFEST. Como tudo isso começou? Como foi o start para tocar lá fora?

Em 2012, logo após o lançamento do nosso primeiro álbum, começamos a ter alguns comentários positivos sobre o nosso trabalho em alguns blogs especializados fora do Brasil, e logo surgiu o primeiro convite: o festival Felabration, realizado na famosa casa Paradiso, em Amsterdam. Muito por insistência do nosso amigo DJ Paulão (da Patuá Discos) e o pessoal da banda Jungle By Night, que era a atração principal da noite, eles acabaram convidando a gente para ir pra lá. Acabamos fazendo também um show em Gent, na Bélgica, e foi só. A coisa começou a se estrututrar pra gente no mercado internacional quando nos apresentamos no Porto Musical, em Recife e recebemos o convite do festival Roskilde, da Dinamarca (um dos maiores da Europa) e fizemos nossa primeira turnê mesmo.

2 – Vocês sentem diferença de público quando tocam no Brasil e quando se apresentam em outros países? O que há de mais singular em cada público?

A diferença para a gente é muito sensível, o nosso som é uma mistura grande de diversas influências, cada tipo de público vai entender o som de um jeito e responder diferentemente com o corpo, já que a idéia é que todo mundo dance. Já tivemos respostas de todo o tipo, mesmo dentro do Brasil, foi impressionante a reação das pessoas quando tocamos pela primeira vez em Salvador, parecia que o pessoal tinha ensaiado, de tanta sincronia. Outro exemplo forte foi o público do nosso show no Marrocos, eles entendiam tudo da linguagem do Oeste Africano que é muito presente no nosso trabalho e devolviam muita energia pra gente, foi especial. Cada lugar vai ser de um jeito e é por isso que a gente quer mais é levar o som cada vez mais longe.

3 – É um fato que o Bixiga 70 está em destaque no cenário musical mundial. Russ Slater, do Sounds and Colours, mencionou “Ocupai” como um dos melhores discos de 2014, mesmo o álbum tendo sido lançado em 2013. Quais mudanças isso provoca nos integrantes da banda? Como vocês estão se sentindo agora que o grupo parece cada vez mais se consolidar no mercado musical?

Acho que a única mudança é o amadurecimento mesmo, da gente querer se superar, porque o principal pra gente é consolidar um som e uma história que a gente acredite. Muitas vezes, críticas positivas podem ser uma armadilha, dar a impressão de que tem algo resolvido. Sendo 100% independentes, trabalhamos dia após dia para melhorarmos como músicos, como parceiros para fazer com que esse objetivo em comum se mantenha, e isso não é fácil, é preciso trabalhar duro, vivemos sem apoio de gravadoras ou empresários e sabemos que o quanto o som vai durar e vai se propagar só depende da gente.

4 – Há um significado especial para a banda, para o nome “Ocupai”? Além da flexão do verbo “ocupar”, o nome teria alguma interpretação específica feita por vocês?

Esse nome, que apareceu meio como piada, pra gente faz parte de um conceito importante pra banda, que é o de levar nossa arte pra rua, que é o que fazemos ano após ano no Dia do Graffiti no Bixiga, festival que realizamos com parceiros do bairro, do graffiti e da música.

 

5 – A primeira faixa do álbum é um cover de “Deixa a Gira Girar”, da banda Os Tincoas. Entretanto, escutando ambas canções, o ouvinte mais desatento jamais perceberia o tributo. Qual foi o maior desafio em dar essa nova roupagem à canção? Vocês encaram como uma homenagem simbólica ao grupo baiano de 1960-70?

O Bixiga 70 já nasceu inspirado n’Os Tincoãs, a música “Grito de Paz” teve seu nome inspirado na canção “Canto de Dor” do disco deles de 1977. A versão de “Deixa a Gira Girá” foi feita bem rápida e naturalmente, pois quase todos da banda conheciam versões diferentes para o ponto, de diferentes terreiros. Para o grupo, sempre foi importante homenagear os grandes músicos do Brasil, que tanto inspiram a gente, e ao mesmo tempo, trazer canções às vezes desconhecidas para o nosso público. No primeiro disco, regravamos o “Desengano da Vista” de Pedro Santos e depois, para a edição inglesa do nosso segundo CD, “A Morte do Vaqueiro” de Luiz Gonzaga.

6 – O álbum de 2013 foi auto-intitulado no Brasil, mas posteriormente foi modificado para “Ocupai”. Qual o motivo da mudança?

Nosso segundo álbum foi lançado aqui no Brasil sem título e na Inglaterra com esse nome de “Ocupai” apenas para diferenciação entre o que nós lançamos pelo nosso selo Traquitana e o do selo Mais Um Discos, de Londres.

7 – Para quem mora no Brasil, mas quer comprar o disco físico, quais são as possibilidades de venda? Existe alguma loja aqui que vocês indicam?

Em São Paulo, recomendamos Locomotiva Discos e a Patuá Discos. No Rio de Janeiro, recomendamos a Baratos da Ribeiro e a Tracks. Vendemos também através do nosso site: http://www.bixiga70.com.br

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