Entrevista: Tupiniquin de Cor e Canção
Sabe aqueles cantores restritamente nacionais, com poder de mostrar as raízes de um povo, com canções que retratam todo o peso e beleza da nossa cultura? Então, esse cantor, essa nacionalidade toda, ao qual me referi, é encontrada no Jorge Sampaio Tupiniquin. Nascido em São Paulo, 29 anos de idade, ele nos traz sua poesia, sua mágica, sua brincadeira constante em ser místico – algo genuinamente brasileiro, tradicional e ao mesmo tempo moderno.
Suas canções penduram-se, tocam sua alma, parecem simples, porém se elaboram um pouco dentro da gente. Em suas canções existe um pouco de cada coisa, um pouco de cada gênero, de cada ritmo. E isso chama bastante atenção, essa capacidade de misturar e experimentar sons sem passar do ponto. Entre rock e samba entre bossa e a tropicália. Essa é a melhor definição que se pode ter desse novo e talentoso artista, uma experiência que nos puxa para o seu universo, para a sua “estrada pro sol”. É o toque e a poesia que estão em perfeita simetria, é a união e a simplicidade, é o amor cantado em português.
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“O Vaso e a Rosa”
Qual a importância de se ter o Tupiniquin no seu nome artístico?
Bacana. Tupiniquin vem de Tupiniquins, por isso com N. É a tribo dos tupiniquins, se colocarem no Google vai ver uma série de fotos bonitas; eu tive a vontade de não ser só eu e sim um codinome aos 21 anos , quando voltei ao Brasil dos EUA, passei um período curto lá, e me senti mais brasileiro ainda; aqui tem muita coisa a melhorar nas cidades, mas, se largamos de vez, daí é que não melhorará nunca mesmo, e tudo vai piorar, assim é com a vida também, né?
Qual é a diferença entre o Tupiniquin que lançou aquele EP em 2007 e o que agora planeja um álbum duplo?
O Tupiniquin de 2007 era sonhador. O de agora é sonhador ao cubo e leva isso pra a música, livre, sem medo de nada, apenas ser feliz com os sons.
Conversando comigo, certa vez, você revelou-me que o clipe oficial do seu novo álbum sairá dentro de 30 dias. Sei que você é um apreciador do mar tanto que no clipe “O Vaso e a Rosa” mostrou uma forma bela de retratação do respeito que você tem. As águas tocam seus pés. O seu novo clipe terá essa admiração pelo mar retratada novamente?
Eu sou do mar, mesmo sem ser de uma cidade litorânea, principalmente o mar noturno. Parece que ali tudo se resume num a força maior, algo que renova. O novo clipe continua com os pés na água, mas, não estou sozinho neste novo filme.
Ouvindo as suas músicas é impossível não notar que a sua voz tem umas dissonâncias que lembram bastante o Eddie Vedder. Acredito que essa comparação já pode ter sido feita antes, porém isso é algo que chama bastante a atenção dentro de um apanhado de coisas que caracterizam as suas músicas como diferenciais. Sendo assim, eu gostaria de saber quais são as suas raízes musicais? O que você buscou ou ouviu para acrescentar ao seu som? Quais são suas inspirações musicais e pessoais?
Massa, respeito muito ele… O primeiro cd que ganhei aos 12, foi do “Os Paralamas do Sucesso” antes disso, lembro de me sentir triste ao ouvir “Chega de Saudade” de João/Tom e Vinicius, e de pirar ao ver Jim Morrison… Eu só gosto do que é verdadeiro gosto é disso, de pessoas que me inspiram, pessoas reais, com problemas reais, com sonhos absurdos que a maioria duvida ou nem liga, com dificuldades que não contam pra ninguém, pessoas que se emocionam por ai, que se entregam quando ouvem uma musica, uma dança, essas são as minhas inspirações, a vida como ela é, porém mais sentida, e os que buscam amar, não o amor carnal de duas pessoas somente, mas o amor maior que se constrói com boas pilastras, que temos que lutar pra conseguir, que faz a gente não se perder em si mesmo no meio de um vendaval das dificuldades de qualquer aspecto corriqueiro; me inspiro bastante por minha filha; Gosto de George Harrison, Bob Marley, Zé Ramalho, Elliot Smith, The Doors, Milton Nascimento, Chico Science, Neil Young, Nick Drake, Raul Seixas ; gosto de St Vincent, e viajo num filme, adoro assistir filmes sozinho.
Em março deste ano você lançará seu novo álbum e pelo o que tenho ouvido das canções até agora vejo um trabalho muito rico, muito maduro, e pronto para alcançar certo ponto de destaque na música brasileira. Qual é a sua expectativa sobre o seu novo cd? O que você pretende alcançar com as suas canções? O que você quer trazer pra esse povo?
Obrigado por me ouvir, eu sempre tenho a maior vontade de fazer algo incrível num disco, dar o além de si, o resto tem que ser conseqüência, quero tocar pelo país, esse é um grande sonho, quero ver gente, conhecer pessoas e cantar para elas, falar com elas, trocar, essa troca é magnífica. Meu sonho é ser útil. Há séculos ouço dizerem que: Os “índios” são seres menos evoluídos, porém nunca vi um índio tacar fogo em alguém, já o contrário ocorre sempre, então quem esta’ com a moral mais elevada?
Você lançará um álbum duplo, sendo que existirá um período de tempo entre o lançamento de um e outro. Primeiramente será lançado o “Estrada pro Sol”, que terá 10 faixas e tempo de duração de 55 minutos. O segundo cd terá a mesma pegada do primeiro ou é um trabalho um pouco diferente?
Os álbuns foram ensaiados calmamente, gravados calmamente, mas possuem uma ira de nao concordar com várias coisas da TV. Por exemplo, um se chamará Estrada pro sol, e o segundo Television. Considero álbuns gêmeos, ambos têm a mesma personalidade forte. E continuidade da caminhada rumo a Estrada pro sol que na verdade é apenas a entrada pra dentro de si.