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Entrevista: Nana

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Nana é uma baianinha tímida que sorri e avermelha-se ao menor elogio. Fala sempre na primeira pessoa do plural, lembrando seu fiel escudeiro João Vinicius Santana. Emana fofura e alegria até para pontuar uma frase com carinhas meigas.

Gosta do seu vinil de Histoire de Melody Nelson, clássica obra de Serge Gainsbourg, do seu guarda-chuva Babu e do livro Orgulho e Preconceito, de Jane Austen. Nana se identifica tanto com os anos 50 e 60 e com o filme tcheco Pequenas Margaridas, que acabou virando o nome do disco e de uma das faixas do trabalho, mas ainda sim prefere viver no nosso tempo.

Não escolheu ter 13 músicas no seu álbum de estreia por superstição e se orgulha por assumir, de maneira totalmente independente, a feitura do álbum – desde a gravação caseira/profissional até a arte gráfica do trabalho, rabiscada por ela própria. Chegou a cursar jornalismo e até trabalhar num revista de turismo na Rússia, mas a música a conquistou de vez.

Talvez, de cara, muitos tracem um paralelo imaginário com o início da carreira de Mallu Magalhães ou com as fofurisses da pernambucana Lulina, mas entenda que dentro deste rosto sensível, encontra-se uma mulher diferente, com uma desenvoltura musical tão interessante quanto inominável. Como ela mesma se definiu, “acho que minha música é triste, só que disfarçada de alegre”. Acho que é música de Nana.

Acho que li uma vez (não sei se estou confundindo) que você tem medo de avião. Confere?
Na letra de “Expressionismo Alemão”, eu digo que não gosto de avião. É verdade mesmo. Não é nem ter medo. Eu tenho medo quando as pessoas que eu gosto viajam. Fico muito apreensiva. Eu detesto viajar de avião. Sempre pego gripes e resfriados quando viajo (nariz sensível hehe).

Sei que soa meio abstrato, mas como você descreveria a Nana e sua música?
De fato, é abstrato. Acho que minha música é triste, só que disfarçada de alegre, mas no bom sentido. Tipo a bossa nova. Uma vez, eu disse numa entrevista que minha música era uma “bossa nova nova” e isso acabou pegando. De certo modo, é isso mesmo. Pode não ser uma bossa nova didática, na cara, mas esse espírito está nas músicas. No final, somando aos elementos eletrônicos, o experimentalismo, a chanson francesa, o serialismo e muitas outras influências, é uma bossa nova nova mesmo!

Você esteve um período na Rússia, pelo que sei. O que essa vivencia te acrescentou profissionalmente falando?
Foi lá onde comecei a desconfiar que queria fazer música. Lá gravei 4 músicas, com uns amigos e tal. Minhas primeiras experiências de gravação foram lá. Gravei em estúdio, na casa de uma amiga que era engenheira de som e em um outro estúdio. O resultado não foi dos melhores, mas percebi que era algo que eu gostava de verdade de fazer.

Foto: Agnes Cajaiba/LabFoto © 2011 | Maquiagem/Figurino: Paloma Simplício

O EP Rússia 2010 que tá no seu Bandcamp, né?
Sim! Mas só tem duas músicas lá. As outras eu não achei, de verdade.

E nem a sua amiga que gravou as tem?
Ela só gravou uma, “Hitchcock”, que está no Bandcamp. Das outras 3, que foram gravadas por outro cara, só tenho uma, “Bonjour”, que eu já tinha postado antes. As outras duas, só pedindo ao russo, mas eu não o tenho no Facebook, não tenho contato dele. Mesmo assim, essas duas músicas traduzem bem o que foram as gravações lá: bem descontraídas, descomprometidas. A versão de “Expressionismo Alemão” mesmo, tinha ficado bem regular. Era a primeira vez que tocávamos, e gravamos tudo numa madrugada, então dá pra entender.

Ou seja, há uma versão ‘russa’ (mas ainda em português) de “Expressionismo Alemão”, sendo ela a terceira sua lançada?
Tem uma primeira vez que eu gravei aqui em casa, só voz e caixinha de música; tem a ‘versão russa”; tem a versão do EP (que está no clipe também) e a versão do Lemon Lips. Ainda tem a versão que gravamos para o disco. São muitas gravações, mas nossa intenção é apenas melhorar. A versão do EP, que consideramos como a melhor até agora, tem problemas técnicos graves. Gravamos a voz com uma webcam, por exemplo, mas mesmo sem conhecimento técnico, João tem um bom ouvido para isso. Foi quase um processo artesanal. Acho que ele fez um milagre ali!

Fiquei extremamente curioso pela versão ‘caixinha de música’. Onde tem para ouvir?
Só no meu computador mesmo. É uma coisa informal demais. Eu tinha 17 anos e tinha uma das minhas primeiras músicas em português. Eu tinha que gravar, de alguma forma, pra ter um registro daquilo. Na época, eu estava com um teclado emprestado de um amigo, cujo timbre de piano era muito ruim. Então usei o de caixinha de música.


Trecho feito com uma caixinha de música e uma câmera fotográfica quando a cantora ainda tinha 17 anos. Nana ainda não tinha tido aula de canto, queria ser jornalista e esta foi sua primeira gravação.

Como você começou a tocar instrumentos? E aprender a cantar?
Eu comecei a estudar piano clássico aos 14 anos, porque tive a sorte de ter um vizinho professor que tinha um piano e ensinava. Eu pedia pra fazer aulas de piano desde os sete anos, mas nunca dava certo porque eu sempre moro muito longe dos lugares, e na época eu era muito pequena. Depois, aos 17, comecei piano popular.
Eu faço aulas de instrumento, na faculdade. de piano e de violino, mas meu curso é composição. Hoje faço aulas de canto também. Quando eu era criança, cantei em alguns corais, mas nada sério (afinal, eu ainda era uma criança, embora não fosse traquina e adorasse o coral).

E porque gravar em casa? Como foi aprender a fazer esses registros?
Bom, é engraçado esse processo. João sempre gravou na casa dele, coisas que ele cria e tudo e eu sempre gravei minhas coisas na minha casa, de forma mais rudimentar, mas gravava. Quando nos conhecemos tínhamos esse interesse por gravação em comum, e aí rolou toda essa história de tocarmos juntos, etc. Agora que resolvemos gravar o disco, percebemos que não queríamos um disco perfeito. Não queríamos ir pra um estúdio, pagar caro pra fazer uma coisa que soe tecnicamente perfeito e sentir que saiu diferente do que queríamos fazer.
Estudamos essa coisa da textura por meses, ouvimos muito The Radio Dept., Sonic Youth, música alemã do pós guerra… Tudo o que achamos que soasse diferente do que uma música de estúdio, que toca na rádio, soa. E aí concluímos que gravar em casa era uma opção muito viável. Eu moro num lugar muito silencioso. Compramos equipamentos e começamos a testar. Conseguimos economizar bastante dinheiro para a mixagem e masterização e não tivemos problemas até agora.

Alias, como você pinçou o João? Ele é seu companheiro musical e tem influência direta nas músicas, imagino.
Tem sim. Uma amiga em comum mostrou as músicas a ele e sugeriu que fizéssemos junto a trilha do filme dela, o Lemon Lips. Ele achou interessante e resolvemos prolongar a parceria, digamos assim.

O cd já tem selo ou data pra sair?
Não temos selo. Faremos tudo totalmente independente, com nossos próprios recursos (trabalhamos muito pra isso!). Quanto à data exata, não sei dizer, porque imprevistos podem acontecer. Mas sei que o lançamento será em setembro. Faremos um show de lançamento aqui em Salvador.

Como andam as gravações do disco?
Estamos gravando em casa desde o dia 01 de maio. Dá pra acompanhar tudo pelo blog e pelo Facebook. Eu posto diariamente. Falta pouco pra ser gravado, praticamente só voz mesmo. Além das 4 músicas do EP Expressionismo Alemão, tem outras 3 que já divulgamos antes pelo blog e 6 ‘inéditas’ (algumas já foram tocadas em shows).

Tens o nome de todas as canções já? Pode me informar?
Temos sim! Bom, as inéditas são ‘Pequenas Margaridas’ (que dá nome ao disco, inclusive), ‘O Calor’, ‘Passarinho’ e ‘Aniversário’. Já tocamos todas essas em shows. Tem outras duas totalmente inéditas que eu prefiro não dizer o nome, mas dou a dica de que uma delas é instrumental. Talvez eu tenha dito o nome dela no blog alguma vez, de toda forma. O nome do disco é Pequenas Margaridas por causa do filme tcheco de 1966 (dir: Vera Chytilova). O filme e o disco tem muito em comum.

Em comum em que sentido?
O filme conta a história de duas meninas que, por inocência (e por tédio também), resolvem fazer tudo o que der na telha, tanto o bem quanto o mal, “já que o mundo já é tão corrompido”. Nesse caminho de “liberdade”, elas começam a se questionar diversas coisas sobre o amor, sobre a existência, sobre a liberdade, sobre o poder. Meu disco tem um pouco dessa inocência, de querer fazer algo diferente e de, ao mesmo tempo, pensar sobre essas coisas. É meu filme favorito, por sinal. Talvez não esteja tão claro quanto na minha cabeça, mas sei que é um ato consciente. (risos) Eu gosto de prestar atenção nos detalhes, acho que eles contam histórias.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=KwkeWk8dyag]
Clipe de “Expressionismo Alemão”

Ele será disponibilizado para download também, como os outros? Quanto isso (de disponibilizar gratuitamente) é importante para o seu trabalho?
Sim! Com certeza! Nossa proposta é para que tudo possa ser encontrado, baixado, comprado e etc, em nosso site. Eu adoro comprar discos, mas gosto de baixar antes de comprar. Quando o artista disponibiliza a obra, me sinto muito mais impelida a comprar o disco, por exemplo (no meu caso). Cada pessoa funciona diferente nesse aspecto. Quem só quer baixar, vai baixar e vai ficar satisfeito. quem se interessar em ter o disco físico mesmo (que estará lindo, por sinal), também vai poder comprar – e por um preço baixo. Acho que é besteira não disponibilizar as músicas pra download hoje em dia. Minha intenção é mostrar meu trabalho, no fim das contas.

E está pronta para encarar o público de outros estados? Fazer shows e turnês do cd?
Não só pronta, estou ansiosa para isso! Fazer show é incrível demais! É a melhor sensação do mundo!

Mas vai ter que pegar avião…
Mas vale a pena. Vou levar os remedinhos que minha Vó me deu.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

27 COMENTÁRIOS

  1. Aff, mas uma cantora chata da “nova MPB”. É da mesma laia de Céu, Tiê e essas outras aí. Cantora careta. Poupe-nos!

  2. Eita, Túlio. Conheci a música da jovem acima agora e devo discordar de você. Comparar-la com a Céu é de uma ingenuidade incrível, visto que ela é influenciada pelo mangue, rock e eletrônico, enquanto que a Nana pega a música francesa, bossa e infantil. Tirando pelas letras, a Céu fala coisas sacanas, diretas, totalmente ao revés das letras da Nana, além do timbre de voz ser bem diferente.
    Com a Tiê beleza, há lá sua lógica, mas pareceu comentário de revoltadinho querendo aparecer isso.
    E outra: há problema de haver uma nova MPB? Ou você quer que a música morra sem se desenvolver, sem vir uma nova geração?

  3. Caio, é preciso que a música continue, sempre! Mas é triste ver que as cantoras e cantores brasileiros perderam o pique da criatividade. Nos anos 80 era tudo tão efervescente. Hoje em dia, todas seguem pelo mesmo caminho, boring e previsível. Não consegui ouvir a música da tal Nana inteira, assim como não consigo ouvir um cd todo de Céu, Tiê, Barbara Eugênia e outras pacatas cidadãs da MPB atual. Uma pena! Tanto é que elas não conseguem conquistar as massas, como Marisa Monte soube fazer – e muito bem – na virada dos 80 para os 90. O cenário é careta e pessimista. Vamos esperar o surgimento de novas Ritas Lees e Cássias Ellers.

  4. Não sei, caro Túlio. Esta questão de criatividade é muito individual. Acho que, por exemplo, o registro da Tulipa Ruiz de uma criatividade incrível. Assim como eu acho que a base do som da Bárbara Eugênia passa longe da MPB. E nos anos 80 precisamos esperar chegar ao final para COMEÇAR a nascer algumas das cantoras da segunda geração da MPB que só criariam nome a partir dos anos 90, em tese os 80 citados só tiveram Rita Lee como representante, assim mesmo mais para o Rock.
    Quanto conquistar as massas, aí já é um papo bem diferente. O que hoje conquista as massas? Você não acha que essas cantoras novas estão trabalhando dentro de um nicho específico, como o da internet, para chegar num público? Você tira, por exemplo, pela Monique Kessois (acho que é assim que escreve): ganhou o prêmio Multishow com um disco insonso, sem nenhuma inventividade e pertence a uma grande gravadora, mas roda tão pouco e tem um público pequeno. Encaixe aí Juliana Kehl, Ava e tantas outras. Aí você pega a Tulipa e a Tiê, com turnês na Europa e EUA, tocando em todas as capitais brasileiras e com agenda de shows gigantes. A Tulipa mesmo encheu o Grande Teatro de Belo Horizonte de bobeira, sem nem anunciar. Será que sua perspectiva de público e massa que não está envelhecida?

  5. Bom, cara, em primeiro lugar, quero elogiar o fato de o site ter mantido os meus comentários no ar. Não raramente, sofro censura por parte de sites e blogs que dizem ser favoráveis à liberdade de expressão, mas que de forma velada praticam uma censura sinistra na plataforma internet.

    Eu quero que a “nova” música brasileira dê certo. Eu amo ser brasileiro e adoro a música brasileira, só estou triste com o atual cenário. Mas, como jornalista, acredito que o primeiro grande erro é da imprensa, da crítica especializada. A “nova” crítica musical brasileira está simplesmente perdida diante do excesso de informações e possibilidades que a internet trouxe. Não canso de me deparar – e achar hilário – com a onda de otimismo generalizado que toma conta das resenhas de discos e cantores da safra mais fresca. Essa entrevista com a Nana é um exemplo.

    Eu aceitaria ler uma entrevista com tal teor de otimismo se fosse com cantores do naipe de Wado ou Marcelo Jeneci, que já provaram seu valor em relação à produção musical recente no Brasil. São cantores com muitos anos de estrada e uma obra realmente consistente. Mas as resenhas sobre as Nanas, Bárbaras Eugenias, Érikas Machados, Jôs Nunes, Julianas Perdigões e Lullinas da vida são simplesmente inacreditáveis. Os escritores falam desses nomes como se eles já tivessem ultrapassado há muito a condição de potenciais “promessas”.

    A verdade é que 90% desses novos nomes são MUITO chatos e caretas, e 98% deles não vão perdurar sequer nos próximos dois anos. Então, a minha proposta é: vamos baixar um pouco a bola e descobrir as novidades com cautela. Não podemos perder a capacidade de criticar, de achar coisas ruins e de separar o joio do trigo. Essa Nana simplesmente não me diz nada. Ela tem uma voz absolutamente comum e essa letra de “Expressionismo Alemão” é de uma imbecilidade e vulgaridade absurdas. Se ela acredita que é uma boa cantora e quer estabelecer sua obra no cenário brasileiro, tem todo o direito. Mas uma entrevista como esta, saudando-a como a próxima Elis Regina, é nada mais do que perigosa. Nana terá que me convencer com uma obra consistente e músicas menos “abstratas” para fazer jus a todos esses elogios. Eu ouvirei o novo disco dela, como faço com todas as novidades. É inútil criticar sem conhecer. E estou escrevendo tudo isso depois de ter dado uma conferida no material da moça.

    Eu tenho muita fé na música brasileira. Diante de todo o festejo em torno da Céu, me forcei a ouvir pela quinta vez o “Caravana Sereia Bloom” e tenho que admitir que o disco vem crescendo a cada audição, e realmente as canções dela têm algo de valor. Canções precisam conter uma mensagem com sentido bem definido – não necessariamente de forma engessada – e “Falta de Ar”, “Retrovisor” e “Asfalto e Sal” trazem isso de um jeito que “Expressionismo Alemão” sequer cogita. Essa canção da Nana é boring, nada além. Prefiro ficar com Cícero e canções de apartamento que realmente dizem a que veio.

  6. Acho a musica da Nana uma musica muito autoral e demonstra o pensamento e atitudes da moça. Acho que a comparação como outras cantoras não vem ao caso, pois cada uma delas (Tiê, Tulipa, Mallu etc) são compositoras de suas proprias musicas e escrevem sobre seus pensamentos. Como nenhuma das 3 (ou 4) são iguais, pra mim, a musica sai muito diferente apesar de parecida (deu pra entender?)
    Acho que a musica é a forma que elas expressam seus cotidianos, sentimentos etc… Se a musica toma esse rumo, eu acho natural. Pra mim o problema é sempre rotular e se a musica já se misturou demais vira Nova MPB.

  7. Túlio, na mesma virada da década de 80 para 90, ao lado de Cássias e Marisas, surgiram Calcanhottos e Takais com seus cantos contidos e músicas ‘abstratas’ e essas estão aí até hoje produzindo trabalhos elegantes, distantes dessa linearidade previsível que você acusa.

    Acho esse papo de que a criatividade acabou uma balela. Sempre houve e sempre haverá espaço para todas as cantoras na – tão populosa de cantoras – MPB. Vamos deixar as moças criarem! 😉

  8. Certo, Renan, deixemos elas criarem. Mas, IMPRENSA BRASILEIRA, por favor parem de passar a mão na cabeça desse povo novato. Parem com isso de “seus olhos azuis esvoaçantes como o mel e seus cabelos poéticos ao vento sugerem que [nome da cantora] tem muito a dizer”. For God’s sake, isso é MUITO chato!

    Pé no chão aí, galera. E esse novo povo da MPB tem que aprender a receber crítica. Essa galera novata parece que chega blindada a comentários negativos. Maioria dos grandes nomes da música já foram execrados no início de suas carreiras. E eu execro a Nana até ela me provar que presta de verdade.

  9. Concordo que passar a mão na cabeça não ajuda ninguém a crescer. Críticas – com embasamento e não puro gosto – só fazem bem pro artista. Mas acho mais grave passar a mão na cabeça na “velha guarda” que vem produzindo discos tão banais e a IMPRENSA BRASILEIRA continua incensando só pelo peso do nome, caso último da Marisa.

    Muitos artistas dessa nova geração ainda estão nos seus primeiros trabalhos e se não são os grandes discos que podem vir a fazer, defendo que muitos deles já são boas estreias.

  10. Túlio, antes de qualquer coisa, muito obrigado MESMO pelo elogio ao site. Mas parece que você, como membro do Cinema com Rapadura, tem essa verne crítica mesmo. É natural do site.
    Esta, pra mim, é uma das discussões mais absurdas que já tiveram nesse site. Estão reclamando que a música brasileira não é inventiva atualmente? Sério? Então tirem a Céu do Jools Holland! Única brasileira a se apresentar lá nos últimos 10 anos! Tirem a Tulipa da longuíssima turnê Européia e americana. Tirem a Tiê de suas duas turnês americanas e sua européia. Desliguem os blogs japoneses e portugueses que foram criados somente para falar de música brasileira. Calem as novelas que colocam essas artistas em suas trilhas sonoras! Porque tudo isso aí já foi inventado e as cantoras da antiga continuam mandando clássicos invejaveis e nenhuma regravação. São todas muito criativas até hoje.
    Túlio, você deve imaginar a quantidade absurda de material que chega aqui nas linhas, correto? Bandas, cantores e até artistas gringos, indicados por gravadoras gringas de nome, como a Domino ou Noisetrade, mandam pra cá. Tu acha que, com tanta coisa chegando, das mais variadas formas, alguém aqui ou em qualquer lugar vai indicar algo que não ache que vai valer a pena, que vai vingar? A questão é que a maior crítica que um artista pode sofrer é não ser falado, ser esquecido e é isso que essa nova crítica, da época da blogosfera faz. Se o artista novo não é bom, simplesmente não é falado e morre sem ter nascido. Ninguém posta nada sem ter certeza que aquele conteúdo vale e só perco meu tempo criticando se realmente houver uma crítica construtiva válida e não para ficar destruindo o artista. Deixa ele ser esquecido ou que outro de uma mão a ele. Na internet ninguém depende de gravadora e só de si mesmo e é bem isso que o Caio Ramos explica acima.

  11. Essa é uma discussão que realmente parece não ter fim, Marcos. De qualquer forma, a troca de ideias por aqui já me fez construir algumas opiniões diferentes em relação à música brasileira na era da internet. É uma outra estrutura mesmo, realmente não adianta ficar comparando com as décadas passadas. Mas eu ainda não entendo como a imprensa nacional – e estou incluindo aí o Rock in Press, claro – adquiriu essa posição tão festiva e convalescente, distribuindo confetes para todos os lados.

    Eu sou um grande fã do Los Hermanos e adoro ler críticas negativas sobre eles. Quando consigo encontrar algum texto que desconstrua tudo o que discos como “Bloco do Eu Sozinho” ou “Ventura” significaram nos anos 2000, eu acho simplesmente delicioso! Detesto assumir aquela posição de que “isso é muito bom, só bom, é 100% bom”. Mas infelizmente é só esse tipo de posicionamento que encontro na maioria dos blogs e sites sobre música atualmente. Releia a entrevista com a Nana e perceba: é uma entrevista que parece ter sido feita com uma cantora veterana e super consagrada, e tudo isso construído apenas em cima de apenas uma música. É um “legado” frágil demais para ser descrito de forma tão sólida. Seria preciso esperar pelo menos uns três discos lançados dela para se ter uma posição assim tão otimista.

    Não adianta falarem que estou sozinho nessa, que eu sou o único reclamão por aqui. Se não me engano, foi no próprio RiP que publicaram uma lista com as “30 melhores músicas brasileiras de 2011”, e choveram comentários do tipo “imagina as piores”, “país que não sabe mais cantar” e similares. O fato é que está cada vez mais difícil descobrir coisas que realmente valham a pena gastar algum tempo escutando, e sinceramente, fico triste se a tal da Nana se encaixou na categoria “coisas escutáveis”. Não é nada contra a moça, não. Nem a conheço pessoalmente, nem nada. Mas é que, sinceramente, que musiquinha chata e careta do inferno para receber tanta atenção alheia.

  12. Poxa, Túlio, acho que você não entendeu bem a entrevista. Bem, na verdade, há diversos links espalhados pela entrevista que apontam 3 EPs diferentes da Nana. A tal música mais citada, Expressionismo Alemão, é apenas o primeiro clipe, mas o primeiro Widget do post tem o último EP dela inteiro. Já a entrevista foi feita atraves de um bate papo informal com a Nana, onde me baseei em artigos que li sobre ela em grandes jornais baianos, como o Correio e nas entrevistas que ela deu por ter ganho alguns prêmios junto ao Conexão Vivo. Ou seja, ela não é essa pequenez que você está pensado. E outra que a entrevista, em nenhum momento aponta-a como ‘uma nova marisa monte’ ou coisas assim. Na verdade, separo um único parágrafo para dar uma opinião pessoal sobre ela, sendo que a chamo de ‘interessante’ e “diferente”. Ou seja, deixei aos leitores descobrirem o que achar. Deixei o perfil e as músicas, mas não impus nada sobre o que ela é. Acho que você não sacou bem a pegada da entrevista MESMO.
    E bem, nem me acho tão confete assim. Por exemplo, acho o Curumin um verdadeiro porre. O Siba é chato e mais da metade das novas cantoras que apareceram são repetitivas. Mas tem umas novidades que vale citar, como foi o caso da Nana e como, se um dia eu conseguir ter um tempo, falar da Luiza Brina. A questão é que, pelo menos aqui neste site, valorizamos o que é bom e não damos muito papo para o que é ruim, basicamente. No fim do ano, temos uma lista para os mais decepcionantes/piores discos do ano, que é onde fazemos mais efeticamente nossa parte de criticar um artista.
    Sobre o Los Hermanos mesmo, sei que nada tem a ver com o assunto, mas eu acho o Bloco o pior álbum deles, sem dúvidas.
    E sobre a lista das 30 melhores, sim, foi aqui mesmo. Mas repare que a maioria dos críticos caíram de paraquedas no site via google e vem de um nicho mais antigo, mais velho, não acostumado com o som que geralmente mostramos por aqui e que muito pouco é ligado à MPB que estamos falando.
    Esse papo sobre crítica e tal eu já tive com o Floga-se, que é um site bem crítico e tal. Recomendo a você entrar lá pois irá se identificar melhor, além do fato dele compartilhar essa posição contra ao bom mocismo.

  13. Cara, eu tento não ser leviano nas minhas críticas. Curto música, mas não escrevo profissionalmente sobre o assunto. Mesmo assim, antes de condenar a moiçola à forca, eu ouvi, com muito custo e sacrifício, as tais duas músicas do EP russo, e sinceramente, é de um tédio enfadonho. Mas enfim, deixa a Nana cantar. Tem gosto – e possivelmente – espaço pra tudo nessa rede.

    Vou conhecer o Floga-se, mas pretendo continuar visitando o RiP. Eu gosto de muitas coisas que são postadas aqui, apesar de discordar um pouco dessa posição “só colocamos o que gostamos, e se colocamos é porque é bom”. Mas entendo que é uma posição editorial do site. Só acho que o panorama musical no Brasil hoje não precisa se limitar às coisas que caem na internet. Fazer um videozinho bonitinho qualquer um pode fazer.

    Tem um trovador em Goiânia, que veio de Cuiabá, chamado Diego de Moraes e ele é um cara meio que à moda antiga, coloca uma coisa e outra na internet, mas não faz muita questão de divulgar em massa, fazer release, mandar disco etc. O EP dele tem muita música chata, mas tem umas realmente legais, como “Dia Bonito” (dá pra baixar aqui: http://migre.me/9rHKv). Nem tudo gira em torno desses clipes cults, abstratos e “poéticos” que ocupam os servidores do YouTube à toa.

  14. Então Túlio, esse EP aí da Rússia é de 2010 e passa longe da realidade atual da Nana. Como eu falei antes, dá um check no widget que tem logo acima, antes de começar as perguntas. Lá tem o EP novo, com quatro músicas gravadas em casa. É bem diferente disso que você ouviu, pois como ela disse na entrevista, esse EP russo foi a primeira gravação dela num estúdio.

    Apesar de levar o RinP, não escrevo profissionalmente. Tenho uma micro mini equipe de colaboradores que vez ou outra postam algo por aqui, mas a maioria sou eu que faço. Nunca pisei numa faculdade de jornalismo, alias, mas, definitivamente, sinto orgulho de ser e trabalhar como um jornalista. É a realidade de hoje em dia.

    A posição do site não é de “só colocamos o que gostamos, e se colocamos é porque é bom” – apesar de que possa ter parecido com as coisas que eu disse recentemente. Na verdade, no foco é totalmente de mostrar e valorizar a música brasileira. Vide o próprio Siba, Curumin e outros que citei que não gosto mais tem vários posts aqui, porque, mesmo que seja um gosto pessoal meu, não quer dizer que eles não acrescentam algo na música brasileira e que não sejam criativos. Não é um site sobre o meu gosto, é um site sobre música brasileira de qualidade.

    Não tinha ouvido esse Diego de Moraes, mas um material de 2007 não é o melhor apresentavel no momento. Vou procurar coisas mais novas. E definitivamente não é com videozinho bonitinho que as coisas aconteceram. Hoje mesmo descobri um projeto lindo chamado Isadora que, na verdade, só tem um site e nada de divulgação. Dá só um check depois: http://www.isadora.art.br/player.html

  15. Há alguns meses (poucos por sinal) descobri Nana numa serendipite e digo uma coisa: Como estou satisfeita! Desejo todo sucesso do mundo. Estou ansiosíssima pelo disco. =)

  16. fantástico…..a Bahia é demais em seus versos e reversos…..adorei o expressionismo alemão

  17. Musiquinha pra hipster ouvir enquanto mija ki-suco. Chato, pobre em melodia, letra, arranjos e voz. Não acrescenta nada nem diverte.

    Fraco.

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