Entrevista: Jennifer Lo-Fi

De amigos da internet até uma banda, o caminho foi bem curto para os jovens integrantes da Jennifer Lo-Fi. Essa loucura e união que fez a banda nascer, já os levou para abrir shows da banda americana RX Bandits, foram uma das bandas escolhidas no projeto Levi’s Music 2009 e também uma apresentação no famoso programa Poploaded, com Lúcio Ribeiro e Fábio Massari.

Desde planos futuros a ocorridos passados, Sabine Holler (vocalista) e Caio Freitas (guitarrista), nos contam um pouco do processo de criação da banda e suas metas. O grupo gravou recentemente um EP Ao Vivo em mais um Webshow que os fizeram conhecidos, além de serem os donos e a banda que executa a música “O Herói e o Marginal”, última faixa do novo álbum da cantora Mallu Magalhães. Conheçam Jennifer Lo-Fi.

Sabine, foi anunciado em um blog que você procurava uma banda para alastrar seus dotes musicais. Sabendo que o Caio não foi o único a procurar (lembro bem de um cara na comunidade da Mallu dizendo que já tava tudo certo de tocar com você e o Caio ironizando ele), como foi o processo para escolher essa banda – que tem um histórico que vai de post-rock intrumental até música eletrônica?

Sabine: Bem, um cara de Curitiba ficou fanático pelo meu Myspace e começou a me divulgar em todos os lugares da Internet, muito em massa. Ele fez várias coisas minhas: vídeos com imagens no youtube; blog; e até email! Mas eu nunca tive controle de nada disso. Enfim, eu era nova na cidade e queria montar uma banda, porque com o meu teclado e meu violão, eu não conseguia ir muito mais longe do que a “Clementine” (música da Sabine). Ele começou a me disseminar no orkut, como a nova PJ Harvey (?). E acho que na comunidade da Cat Power (atente ao comentário do Caio na segunda página e ao do Giancarlo Rufatto,do Hotel Avenida, mais a frente) o Caio leu e quis saber qual que era a minha. Várias pessoas se ofereciam pra tocar comigo, mas eu ainda não tinha sentido firmeza em ninguém, até um cara com uma mascara do Dart Vader (o Caio) postar no meu orkut.

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clipe de “Michael Cane”

O grupo começou com 5 pessoas, se firmou com 4 integrantes e agora já está em 5 novamente. No início, o Muka (do Robot From 1984) saiu. O que desencadeou a saída dele e o que mudou no som da banda daí pra frente?

Sabine: Então, o Muka, participou de somente dois ensaios. Não tínhamos personalidade nenhuma como banda. Estávamos conhecendo ele e todos, então, não teve muita diferença, talvez.

Caio: É, foi muito recente. Tinha um mês de banda. A gente fez “Song 1” com ele – que foi feita no primeiro ensaio. Ele saiu porque era novo, tinha outras preocupações. Acho que não era a hora dele de mergulhar no mundo horripilante do rock! (risos)

Sabine: Ele tinha minha idade (17 anos), nada a ver isso Caio. O pai dele não deixou. Se ele não quisesse o rock, não estaria com o The Lighters. E ele mora longe

Caio: É, tem isso, ele mora longe (Santo André e a banda ensaia na Vila Madalena). Acho que é o principal motivo. Pra uma pessoa mais nova dificulta um pouco.

Sabine: E a respeito de ter entrado o Gustavo, era porque iríamos ficar mais ricos musicalmente com duas guitarras, portanto, precisávamos de um baixista. E ele era amigo do Luccas (baterista, e os dois tocavam na banda Clementina Fuego) e estava lá.

(uma curiosidade: Gustavo apareceu na banda antes mesmo de integrar oficialmente ela. No clipe de “F For Fake”, Gustavo aparece por pouquíssimos segundos tocando trompete.)

Então, falando em mudança, o som de vocês deu um salto de estilo abrupto recentemente. Saíram de uma música mais nas barbas da Mallu Magalhães e caíram num experimentalismo novo e pouco conhecido no Brasil. Podemos dizer que a Jennifer Lo-Fi encontrou seu caminho agora?

Caio: Eu diria que encontrou o caminho porque a gente resolveu fazer o que quer e não por especificamente fazer coisas experimentais. Se em algum momento na vida por algum motivo resolvermos fazer, sei lá, um forró (risos), a gente vai fazer, porque o caminho é fazer o que tá a fim. Nesse sentido, eu digo que se encontrou agora. No sentido da mudança, são apenas fases, que espero que nunca parem, se não vou ficar muito entediado!

Sabine: Concordo!

Como vocês definem o próprio som?

Sabine: Acho que deixo essa para o Caio, mas tenho um palpite: indie math-post-hardrore-rock ou salada mista! (risos)

Caio: Como eu defino nosso som? Termino com a sabia frase de que ‘definir é limitar’!

Os nomes das músicas são um caso a parte na banda. É engraçado que músicas já tenham tido de dois a três nomes (“Nolonesong 1”, “Song 1…”) e também um gosto de nomes bem sofisticado, como “Ataraxia” e “Cartase”. Como são escolhidos os nomes e como são feitas as composições e letras?

Sabine: Hum… Eu escuto as músicas, ‘briso’ por algumas semanas, e saem as letras! Os nomes são escolhidos aleatoriamente, acho que por quem faz a melodia da música.

( Até o baterista Luccas cria melodias, já que ele era guitarrista em sua banda anterior, o [Art].Ficial., junto com o Caio.)

Caio: É, a gente lê a letra e pensa num nome legal.

Sabine: Sim, para ter congruência com tudo.

Caio: “Ataraxia” foi assim, “Escafandro” também. Eu li a letra da Sabine e sugeri. Soou bem, gostamos e já era!

Sabine: É, a “Catarse” encaixou. Eu fiz uma letra e o Miu (guitarrista e o cara por trás do Fragile Arm) deu o nome sem ler. E tinha tudo a ver!

Caio: Poderes paranormais… Na verdade, eu sempre tomo um porre, quebro uma guitarra e ai vêm um nome na cabeça! (risos) Fala de como você compõe, Sabine.

Sabine: Então, eu tenho um caderninho. Levo-o pra todos os lugares e anoto tudo bem aleatoriamente. Quando escuto a música, vejo que sensação ela me dá; vejo o que tem de parecido no meu caderninho e ai depois completo. É difícil quando não tem nada no caderninho, ai eu tenho que procurar inspirações. Gosto bastante de escrever sobre sentimentos, e religiao relacionada com ficcao cientifica. É um processo bem interior, e acho isso muito importante na minha interpretação (vocal). Acho que não conseguiria interpretar a letra de outra pessoa tão bem.

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“Festim” com participação de Teco, vocalista da banda Rancore

Talvez, um dos estágios para esse sucesso possa ser o lançamento de um álbum. Quais são os planos para o lançamento de uma bolacha própria?

Sabine: Ainda estamos em fase de composição e estamos tentando ver um jeito de conseguir o dinheiro necessário. Talvez com algum patrocínio. Queremos fazer um trabalho bem legal, mas temos expectativas para o primeiro semestre de 2010.

Caio: O que não é nada confirmado, chega de confirmações que miam!

Vocês já têm 18 canções prontas, pretendem esticar esse repertório e ter um bom leque ou estão insatisfeitos com algumas canções mais antigas?

Caio: Nossa, nem eu sabia que eram 18 musicas! Com certeza, dessas 18 tem um tanto que a gente já desencanou.

Sabine: É, priorizamos as composições mais recentes.

Caio: Mas isso até gera um “conflito”. Tem músicas que eu gostaria que fossem tocadas e que não são. Acaba sendo por causa de priorizar as novas musicas, já que estamos pensando no cd. A gente tem que tocar bastante elas, testar e ver o que vale ou não. Ai acaba ficando de lado o que já foi “lançado”.

Sabine: Acho que a “Creature in Te Closet” é uma musica que é antiga e vai para o cd, mas também acho que vamos lançar músicas completamente novas no álbum.

Caio: De grande maioria, com certeza.

Os webshows levaram a banda para diversas mídias, consumindo os assuntos de entrevista para somente esse lado. Será que ao mesmo tempo em que chamou atenção da banda, não acabou se tornando um empecilho?

Caio: Ainda não se tornou empecilho! Por enquanto, acho q está sendo um ótimo pro bafafa da banda correr por aí, mas a gente deve tratar o assunto como um tópico né, e não como motivo da matéria. A única que achei super válida até agora foi pra multishow, num programa de tecnologia então estávamos lá justamente pra falar disso.

myspace – orkut