Alguns anos de espera e muitos (e muitos) shows depois, finalmente saiu o primeiro long play do Dead Lover’s Twisted Heart. E nós, que tivemos a chance de acompanhar diversas apresentações do quarteto, puxamos o simpático vocalista Ivan para um papo sincero sobre o disco e o tão comentado show de lançamento da bolacha.
DLTH é o rebento citado, e depois de quase três anos de produção finalmente ganhou as ruas – e oficialmente as casas de show. Mês passado, eles juntaram amigos e fãs para divulgar o lançamento em cd e vinil do álbum, num show que contou com participações especiais e até uma ‘roquestra’.
Sobre tudo isso que você vai ficar sabendo agora, acompanhe:
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“Backwards”
Do início das gravações para o lançamento, em que o Dead Lover’s mudou e em que amadureceu?
Bom, na verdade eu não gosto muito dessa palavra, ‘amadurecimento’. Parece que existe uma linha necessária a ser percorrida com o intuito de se chegar a um fim também necessariamente ideal, mais certo ou mesmo melhor, saca? Acho que o que ocorreu com a gente e ocorre com a maioria das bandas é um processo de aprendizagem, de exploração de uma determinada idéia e linguagem. Nesse sentido, aí sim, a banda mudou muito durante o processo de gravação e o disco reflete isso. Mas foi uma mudança gradual e sem planos e surgiu mais como uma série de respostas e escolhas frente aos perrengues de se gravar em casa, de se gravar em qualquer lugar, do que de uma vontade nossa mesmo! (risos) Mas, eu acho, ainda bem que aconteceram esses erros, hoje sabemos mais o que queremos e um pouco mais como interagir em processo de gravação, em um estúdio, com seus equipamentos e possibilidades, e sabemos melhor ainda, como diz o Guto (guitarrista), a viabilidade real de um projeto como esse.
Mas, sendo direto na resposta, não é que tenhamos mudado nosso som, mudamos mais alguns conceitos sobre som que nos levaram a adotar outros elementos como equipamentos eletrônicos, pedais, teclados, pads, novos instrumentos como banjo, violões, etc. Esses elementos surgiram tanto de uma vontade de experimentação quanto de uma necessidade na hora da gravação e uma vez dentro do nosso rol de possibilidades de uso, acabam mudando nosso processo de composição e assim o produto final. O disco traz muitos destes novos sons, ainda que de maneira sutil em algumas músicas, e cada dia mais buscamos explorar realmente essa musicalidade nas nossas novas canções.
Depois de dois anos e meio, muitos problemas e resoluções depois, o resultado do disco foi realmente o esperado ou ainda faltou algo para vocês?
É complicado falar, mas sem dúvida o disco é muito diferente do que pensamos que seria quando entramos pela primeira vez em estúdio. Se faltou algo ou não, depende da opinião de cada um de nós envolvido nesse processo e cada qual vai falar sobre um ponto…
As músicas que compõem esse álbum já são tocadas há muito tempo e o formato que elas acabaram por tomar, em alguns casos foi bem natural, em outros foi muita ralação e quebra cabeça para chegar num resultado satisfatório. O que importa agora para gente é que mesmo, como disse, sendo um disco baseado num repertório de certa forma antigo, ele ainda consegue surpreender as pessoas que o escutam, ainda que elas já acompanhassem a banda ao vivo e conhecessem as músicas.
Quais são as chances para um clipe e uma grande turnê?
O clipe nós já estamos conversando com um pessoal bem bacana aqui de BH e temos algumas idéias. Inclusive a intenção era lança-lo junto com o álbum, na festa, mas devido à correria alucinada que foram os preparativos pro show, com ensaio da banda, da orquestra e mais todas as outras coisas envolvidas num lançamento, não tivemos tempo para terminar o roteiro e muito menos gravar. Mas junto com o nosso site, é um dos principais planos pro segundo semestre.
Quanto à turnê, depende de vocês, é só chamar que nós vamos… (risos)
No épico show de lançamento, vocês tocaram uma música que indicaram estar num próximo álbum do quarteto. Já existem planos para esse novo lançamento?
Pois é, aprovamos no começo do ano uma verba da fundação municipal de cultura de BH para a construção do nosso site. Como contrapartida, colocamos justamente a gravação de um EP com 4 músicas a ser lançado em vinil. Já temos algumas canções que vão fazer parte desse repertório, mas efetivamente só devemos gravar e lançar isso no ano que vem. Esse ano ainda tem muita coisa pela frente a se trabalhar com o novo álbum e também queremos tirar um tempo para criar outras coisas novas antes de entrar em estúdio.
A utilização da orquestra no show deu um toque, no mínimo épico na apresentação. Chegou-se a pensar em grava-la no disco? Porque não ocorreu?
Infelizmente não! E idéia de tocar com a orquestra surgiu no começo do ano e veio de uma grande amiga nossa, a Sarah Assis, que inclusive toca os acordeons do disco. Mas àquela altura, o processo de gravação já tinha terminado e nem passou pela nossa cabeça ser viável enfiar uma orquestra nas musicas do Dead Lover’s. Mas para a festa de lançamento quisemos fazer algo diferente, essa idéia veio à tona e convidamos a Sarah pra essa empreitada de escrever os arranjos da orquestra. Que funcionou tão maravilhosamente bem, que deixou essa pulga atrás da orelha de porque não pensamos nisso antes?
Porém, tem um outro aspecto, que é o que disse acima de viabilidade do projeto. Imagina se tivéssemos gravado as músicas orquestradas, como tocaríamos isso ao vivo pela estrada à fora? Uma das coisas que buscamos no disco foi soar o mais fiel possível do que podemos fazer ao vivo. É claro que em algumas musicas usamos a abusamos de arranjos e instrumentos que originalmente não usávamos, mas a base é bem a mesma do que é ao vivo. Deixa a orquestra ser um plus, um tipo de show diferente que fazemos!
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A música “Pretenders” Ao Vivo com orquestra
O formato vinil pode ser considerado novo para essa geração, mas vocês apostam com afinco na proposta. É realmente viável na questão venda e divulgação essa utilização do ‘bolachão’?
Totalmente! É claro que não esperamos vender 100.000 vinis (nem cd’s ou downloads na verdade [risos]) e estamos pensando em um nicho muito específico de consumo. Nesse sentindo o vinil é um sucesso absoluto (pra você ter idéia, no dia do lançamento venderam mais vinis que cds), ele acaba sendo um objeto interessante de se ter, quase como uma camisa ou outro merchadising da banda, e fora que ele agrega um outro público de pessoas ligadas à cultura do acetato, que vêem o disco de maneira diferente. Tudo isso acaba por garantir a sua convivência pacífica com todos os outros formatos e mídias de áudio, justamente porque ele faz parte de um outro ritual, uma outra relação que o ouvinte estabelece com a música e com a banda. Ele não anula o CD ou o MP3, ele soma.
Vinil é um formato caro, porém bonito e sincero. Então, porque as pessoas deveriam comprar o vinil?
1. Porque é bonito
2. Porque é sincero
3. Porque é mais gostoso manusear a bolacha e o encarte
4. Porque o som é diferente, mais cheio, grave.
5. Porque o chiado da agulha é um charme
6. Porque é um item mais exclusivo
7. Porque vocês querem ajudar a gente (risos)
8. Porque é um ritual legal trocar o lado do vinil
9. Porque todo mundo pergunta porque até comprar o primeiro
10. Porque você vai querer um quando vir
[…] This post was mentioned on Twitter by Rock in Press. Rock in Press said: Chamamos o pessoal do @Dead_Lovers Twisted Heart para um bate papo esperto sobre o primeiro álbum, orquestra e planos http://bit.ly/bH9S9N […]
[…] do site. Inteligente, suado e sincero, é a realização de um quarteto que nem sabia no que iria ouvir ao fim das gravações e culminou em coros fervorosos, arranjos refinados e um grande sentimento de dever […]
E a pergunta do por que escolheram cantar em inglês nem rola mais, né? Sinceramente, acho um absurdo uns caras talentosos destes usarem uma língua macaqueada nas músicas.
é bactéria, cada um se expressa da maneira que acha mais fácil ou sincera. Talvez, o foco deles nem seja o Brasil, mas sim o mundo.
É claro que não se pode culpar os caras por cantarem em inglês: são pessoas a cantar em vez de ver orkut o dia todo. É claro, também, que cada um deve se expressar da forma que melhor encontrar, pois não se pode forçar a expressão artística.
Mas que se perde muito em se fazer música em uma língua externa… aí…
É só ver o Pullovers depois de cantar em português… é só ver a Juliana R. ou a Marina de La Riva cantando em outras línguas, aí sim, de forma natural.
Veja: não falo dos caras aí em cima. Penso apenas em uma reflexão da nossa música. Talvez o mundo precise ouvir músicas em português ou islandês. Não tenho nada contra influências externas, tenho contra imposições. Bem, gosto de rock nacional e internacional – e gostaria de nos ouvir.
É, micro-organismo vivo, é uma situação complicada. Eu, particurlamente, componho e me expresso muito melhor em inglês, mas a maioria das minhas músicas são em português.
Acho que a imposição no caso vem até para o bem, pois muitas bandas ótimas existem aqui no Brasil e só vivem no underground, começarem a explodir a cantada em inglês (como já ocorre em outros países como Dinamarca e Noruega, e porque não citar a França e o Japão). Acho que abriria novos caminhos de composição e melodia vocal, novas misturas e rimas e isso é quase uma revolução na forma de compor – caso se torne popular.
Eu prefiro a Juliana R., o Thiago Pethit e alguns outros figuras cantando na língua estrangeira, mas como bem citado no exemplo, o Pullovers melhorou muito em dimensão e melodicamente passando a cantar só em português. Mas no caso deles, podemos reparar que troucou-se junto o estilo da banda, integrantes e influencias, o que faz muita diferença.
Essa é minha opinião, se caso eu tenha entendido o que você falou.
[…] entrevistas – que vão desde artistas nacionais em crescimento, como Jennifer Lo-Fi, Dorgas e Dead Lover’s Twisted Heart, até os reconhecidos internacionalmente, como Beirut, Elogy e Jens Lekman; e resenhas de álbuns e […]