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Ecos Falsos + Dorgas @ Espaço Multifoco, Lapa-RJ

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Fotos por Juliana Ribeiro.
Mais fotos do show aqui
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Quando o Ecos Falsos foi ganhando nome, história e experiência na cena musical, lá no meio dos anos 2000, eu e os garotos do Dorgas estávamos começando a experimentar a cena independente brasileira através da finada boa programação da MTV Brasil. Gabriel Guerra, guitarrista da Dorgas, tem uma história mais conjunta com o grupo paulista, tendo o status de ‘amigo do Ecos Falsos’ – principalmente de Gustavo Martins. Aos 14, 15 anos de idade, Guerra era o membro mais ativo da comunidade oficial destinada aos Falsos, naquela inoperante rede social conhecida como Orkut.

Lembro que quando vi o MTV Banda Antes Na Estrada (turnê nordestina com a nata da cena independente brasileira da época) decidi que iria fazer parte da cena e ter amigos loucos e descolados como as bandas foram no tal programa. Hoje, não estou empunhando nenhum instrumento musical por falta de convites, mas me sinto dentro da cena principalmente por esse empurrão televisionado que o Ecos, o Vanguart, Daniel Belleza, Faichecleres, Zefirina Bomba e o Rock Rocket deram para muitos jovens.

Estranho é encontrar com o EF anos depois, bater um papo, criticar certas atitudes ou músicas, falar até de preferências de arranjos nas músicas deles… enfim. O Ecos Falsos ainda está aí e viu um dos seus filhos abrindo seu show, dividindo o palco com eles e dando continuidade a uma cena que eles ajudam a sobreviver durante anos. Quando o Dorgas invadiu o palco para gritar e explodir o show do EF, durante a música “Reveillon”, me veio na cabeça o sorriso na cara de cada um dos quatro jovens cariocas ao ver seus ídolos passando o som junto deles. Lembro da preocupação do Verdeja em emprestar uma correia para o Vini (baixista do Ecos Falsos) e o medo que eu tinha de ver o clipe oficial de “Reveillon” na tv. A obscuridade e o sentimento me consumiam de tal forma que minha mente voava demais para a minha compreensão.

Isso é mais ou menos o que passa o som do Dorgas. Aquele experimentalismo lotado de reverbs e solos ‘Gilmordianos’ que os jovens da Barra da Tijuca mostram, deixam sempre o público intrigado. Existem momentos que a banda exibe uma unidade diferenciada, como em “Fez-se Cristo” (com um solo de Verdeja engolido pela altura da guitarra de Guerra) e “Grangongon”, faixa de abertura da apresentação. Em outras horas, brincam com a prerrogativa que o próprio nome da banda abrange, tocando duas vezes “I’m Sad, So Very Very Very Sad”, da banda fictícia Crash and The Boys (do filme Scott Pilgrim) e ainda uma versão inusitada de “Elas São Lésbicas”, do quarteto carioca Los Bife – versão proibida pela organização do Festival de Música Brasileira (leia mais aqui). A banda toca para ela, se diverte como jovens sem medo de experimentar e com a abertura perfeita para transformar seu talento no som que quiser.

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Ecos Falsos tocando com o Dorgas a música “Reveillon”

Já os Ecos Falsos vieram trazer a versão final de Quase (livro + CD) para o Rio, o segundo álbum. O show é quente, pesado, mesclando hits e canções novas, mas que teve um repertório muito reduzido causado pela ausência de Gustavo Martins – o vocalista/guitarrista teve que fazer uma cirurgia marcada as pressas para tirar um tumor benigno na garganta, nada muito grave.

A noite terminou ao som de um ukulele às tantas da madrugada, no meio da rua após o segurança do Multifoco educadamente expulsar as bandas da casa de shows. O clima de jovens realizados e músicos com papel cumprido permeia o caminho de volta para mais uma semana de ensaios para uns, estudos para outros e uma matéria sobre uma grande noite para escrever.

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Músico multi-instrumentista, DJ, viajante, criador e editor-chefe do site RockinPress, colunista e curador convidado do Showlivre, ex-colunista do portal de vendas online Submarino e faz/fez matérias especiais para vários grandes meios culturais brasileiros, incluindo NME, SWU, Noize, Scream & Yell, youPIX e os maiores blogs musicais do país. É especializado em profissionalização de artistas independentes e divulgação de material através da agência Cultiva, sendo inclusive debatedor em mesas técnicas sobre o assunto na Universidade Federal Fluminense (RJ) e no Festival Transborda (MG).

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