Dicas: Hangovers
Viceral, pesado e com sangue nobre. Hangovers é um projeto gaúcho daqueles que sempre sonhamos fazer quando eramos adolescentes: Juntar os melhores músicos que tínhamos na roda, pegar um pouco de raiva e balançar a cabeça loucamente. São duas guitarras carregadas de distorção e uma bateria com pegada forte e direta. Nada de baixista, vocalista, tecladista ou essas coisas mais normais – Hangovers é a urgência sonora ousada e atemporal.
Desde o ano passado, o grupo vem trabalhando no que chamou de Bebendo Socialmente: uma porrada sonora com 6 faixas rebeldes do mais belo instrumental nervoso visto nos últimos tempos. Pudera, as influências da banda já entregam o poder do trio: Melvins, Kyuss, Mudhoney, TAD, Helmet, Nirvana, QOTSA, John Spencer Blues Explosion e Sepultura. Liege Milk, guria que toca com dois terços das bandas gaúchas, agora assume a poderosa bateria da banda e é acompanhada por Theo Portalet (guitarra) e Gabriel Lixo (guitarra), responsáveis por fazer o barulho de zunir os ouvidos que a banda produz.
A microfonia que abre o ep, seguida da guitarra raivosa de “O Senhor está Despedido” já é o prelúdio dos air guitars que as pessoas irão fazer nos shows. A bateria é o grande destaque de “Positive Creep”: faixa rápida, com pegada original e levada alucinante. “Molón e o Grunge Universitário”, “Chico Bento vai ter sua Vingança em Seattle”, e a ótima “Eis-me a Transpirar Tal Qual um Suíno” são exemplos que até no nome das faixas rola uma criatividade irônica e juvenil. De forma mais sutil e delicada, terminam o ep com a doce “Puta de Óculos” – faixa que também poderia ser chamada de ‘do inferno’ por sua qualidade instrumental.
Agora, a Hangovers coloca mais peso na crescente cena instrumental brasileira e mais gosto para quem tem saudade de um ‘grunge de verdade’, de um ‘Sepultura das antigas’, d’um ‘Motorhead no início’, um ‘Melvins brasileiro’ e um ‘Helmet de sempre’