Dica: Jey

Eles são tão independentes que nem mesmo em perfis em redes sociais podemos encontrá-los. Na verdade, a gente só conheceu esse projeto porque um dos autores nos mandou a lista de músicas. Mas isso não tira seu prestígio e sua qualidade sonora.

Jey foi criado pela parceria do multi-instrumentista Raphael Mancini e da cantora Jey. A história dos dois começou como um romance pós-moderno: um belo dia, Raphael conheceu a cantora Jey, que não hesitou em apresentá-lo suas músicas. Encantado coma voz dela, o mineiro que mora em São Paulo decidiu compor seis canções inéditas, reuni-las num arquivo e enviá-las à cantora, que mora em Belo Horizonte. Mas o que parecia apenas uma mixtape romântica, virou o primeiro registro oficial da parceria musical, e a beleza da conquista se resumiu apenas ao resultado da junção das canções.

Gravadas e mixadas no próprio home studio do Raphael, as seis composições foram inspiradas nos textos do blog da cantora, de nome “Eutanásia Moral”. Por causa disso, o primeiro EP da Jey também ganha este curioso nome. Quase como se o músico mineiro tivesse feito uma trilha sonora para embalar os depoimentos, análises e breves descrições do site pessoal da Jey.

Com letras que nem sempre aquecem o coração e te colocam um sorriso no rosto, as seis músicas do EP relembram um pouco o que bandas paulistas como Polar e Ludov fizeram no começo dos anos 00. Apesar de parecer fazer esse retorno, o disco ainda traz influências de atuais bandas folk independente, tão em alta e sempre presente aqui no Rockinpress. O resultado, então, é um registro delicado, bonito, muito fácil de ouvir e sair cantarolando, mesmo que as letras nem sempre soem tão acessíveis assim.

Ainda sem capa e sem qualquer previsão de um lançamento oficial, Jey merece atenção exatamente pela sua melhor característica: a falta de pretensão, a naturalidade que, somada com a simples vontade de fazer boa música, pretende ser um dos destaques da atual cena musical do Brasil.