De Volta Ao Ponto Que Partimos: The Baggios – The Baggios

Álbum: The Baggios

Artista: The Baggios

Lançamento: 8/07/2011

Selo: Vigilante

Baixe: thebaggios.com.br

Rockometro: 7

Energético, ruidoso e rápido. The Who, Rolling Stones e Led Zeppelin. Duas pessoas, baixo e bateria, cheio de riffs rasgantes. Toda semelhança com o White Stripes não é mera coincidência. O primeiro disco da dupla sergipana The Baggios, lançado virtualmente pela Vigilante, mostra uma banda com rockers entre os anos 60 e o bem conhecido indie dos anos 00. É quase como se a dupla brasileira estivesse fazendo as músicas que alguma grande banda da década passada tocasse, pegando todos aqueles riffs de guitarras indies, pesadas e viciantes e misturando com uma grande inspiração nacional – vindo de um vocal digno de Raul Seixas.

Logo nas primeiras faixas, fica fácil perceber que este não é um disco fácil, “quieto”, feito para animar a noite: é muito mais “barulhento” e enérgico do que isso. Porém, toda melodia indie muito bem tracejada pelos riffs de guitarra, que são literalmente acompanhados pelo vocal, acaba parecendo um repeteco sonoro logo no início do auto-intitulado disco.  Assim, faixas como “O Azar Me Consome” e “Aqui Vou Eu” soam quase iguais a “Pare Repare” e “Não Estou Aqui”, respectivamente. Mas é na sexta faixa que o disco começa a realmente acontecer. A presença de trompetes inesperados, gaitas e tons musicais diferentes deixam que músicas como “Oh Cigana” (com aquele pé afundado no White Stripes) e “Quanto mais eu rezo” (com um vocal quase lo-fi colocado num rock simples, indie e até dançante) soem grandes, bem compostas.

Foto: Sara Regis

Então, vem o que talvez seja a melhor e a mais dançante. “Morro da Saudade” tem todos os bons elementos que uma música bacana deve ter: guitarras meio country, gaitas, baterias dançantes estilo baile dos anos 60, tudo muito bem acompanhado do grande vocal do Hélio Flanders, do Vanguart. O lado sentimental e reflexivo aparece forte na faixa “Meu Eu”, outra grande pérola. Talvez seja nesta música que a letra ganhe verdadeiro destaque, entrando em perfeita sintonia com as com guitarras doídas e compenetradas. E assim termina o disco (já que as duas últimas faixas não têm relevância alguma –  são apenas mais exemplos desse rock’n’roll Rolling Stones com vocais “seixeanos”)

A simplicidade e sinceridade das letras ganham relevo num background influenciado pelo já conhecido rock inglês e norte americano, que não provoca surpresas, mas mesmo assim te faz ater-se com carinho. Afinal de contas, qual banda de rock dos anos 00 não reconhece o poder da música do seu século – e pensa em colocar pelo menos um tracejado musical dela na sua própria música?