Catavento e o sopro que move Daniel Villares

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DANIEL VILLARES
Catavento

Selo Garimpo
27/06/2017
http://www.danielvillares.com/

Nota

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Há uma juventude na voz, nas letras e nos arranjos. Como quem começa a dar os primeiros suspiros de alívio por, finalmente, está caminhando em direção a um sonho. O primeiro álbum de Daniel Villares, Catavento, traz um respiro, em alguns momentos mais suave e em outros momentos mais tenso. O movimento não é apenas uma sugestão que o nome desse trabalho dá mas uma maneira de estar dentro desse disco, um constante mover-se.

O dualismo do disco demonstra como a vida é naturalmente. Uma relação constante entre felicidade, momentos de seriedade, saudade e tristeza. “Feliz Triste”, que abre o álbum, deixa isso explícito. A ausência de um conector entre os adjetivos permite olhar para esse título – antes de ouvir a canção – e entender que não é uma coisa ou outra, são as duas duas, juntas. O olhar, sobre esse detalhe, ganha força quando nos atentamos ao arranjo da música.

Daniel declara que “a mensagem do disco é a de você buscar ser feliz e ser a pessoa que você realmente é e não aquilo que as pessoas acham que você deve ser ou que você mesmo se convenceu que é o “correto” de se ser. Eu passei uma vida negando ser o que eu era e tentando me encaixar em certas expectativas, seja de terceiros ou próprias.” Nesse sentido, compreender quem ele é o moveu para mais perto de seus ideais.

O amadurecimento ao longo desses anos gerou um disco coeso, que se apresenta de maneira unitária. Até mesmo a faixa bônus “Forever”, que conta com a participação de Clarice Falcão, lançada inicialmente no EP, vem como parte desse conjunto sem destoar da proposta. Há uma declaração constante dentro do disco. Uma declaração para outra pessoa que acaba virando um diálogo. Há um diálogo entre as composições. A presença de outras vozes, contribui para que essa sensação se firme.

O disco conta ainda com a participação de Aline Lessa em “Se Eu Disser” e de Valtecir Bubu, trompetista do Los Hermanos, no samba “Eu Juro”.

Entre o pop, o samba e a bossa nova, Daniel Villares apresenta um trabalho inédito para a atual conjuntura do cenário musical brasileiro. Suas músicas invadem a cabeça. Difícil não gravar os refrões na primeira audição, ou melhor, difícil não se envolver com as canções. O disco é em primeira pessoa e carrega esses traços como uma forma de colocar o ouvinte no centro, como a personagem principal.

Os arranjos e as melodias podem proporcionar momentos dançantes, ou embala uma dança a dois, como em “Trocaram de Lugar”. Mas a voz e violão de “O Que O Vento Traz” soa familiar e aconchegante. O álbum carrega um carinho e uma leveza apesar dos pesares da vida. Como um sopro do vento que alivia a dor, ou acalenta o sofrimento. Um sopro de esperança para quem ouve.

Considerando a difícil realidade, de sentir algum tipo de proximidade com as músicas, ou discos, lançados recentemente, Catavento chama para perto aqueles que precisam de um afago.

A masterização, produção e mixagem fica por conta de Elísio Freitas (Lenine, Moska, César Lacerda) e co-produção de Gus Levy (Rubel). Os músicos que gravaram foram, além dos produtores e do artista, Nelsinho Freitas (acordeon), Miguel Travassos (bateria), Pedro Fonte (bateria), Kayan Guter (baixo) e Caio Barreto (violão). E todas as composições são de Daniel Villares.