Ao ouvir Brunno Monteiro, a primeira impressão que dá é: parece com alguma coisa que você conhece. Você já ouviu alguém fazer esses riffs de guitarra misturado com as notas de violão, já viu alguém tocar essa levada de bateria. Lenine, Pélico, Paralamas das antigas, Móveis época “Idem”? Não… Lembra alguma coisa, mas quanto mais se escuta, menos você consegue identificar. É exatamente isso que torna o som do músico carioca original.
Liberadas num perfil do Facebook, o cantor carioca até agora mostra apenas cinco das suas canções – que, de primeiro momento, não parecem ter ligação nenhuma uma com a outra, não conseguem construir uma unidade – como se pudessem mostrar um rascunho de um disco. Mas há um mérito nisso tudo: a diversidade de sons e camadas usadas em cada canção mostra a versatilidade de Brunno, como ele consegue bailar por compassos diferentes sem vacilar, sem hesitar. O tempo inteiro, o compositor parece estar muito seguro do que toca e canta, mesmo quando ousa misturar rock’n’roll com MPB.
As canções disponibilizadas pelo músico carioca completarão seu primeiro disco, a ser lançado ainda este mês. Intitulado Ecos da Rua, o álbum foi produzido por ninguém menos que JR Tolstoi, o cara responsável por quase todo o material já lançado do cantor pernambucano Lenine. Além dele, outros figuras também participam da composição do material. Gente como Omar Salomão, poeta carioca e quem escreveu a letra da música que dá título ao disco; Marcello Henrique, cantor da Vulgue Tosltoi e que acompanha ele nos vocais em “Na Gaveta”; e Ivan Santos (que também compõe com Pedro Luís), que escreveu com o músico a ótima “Vem de Vez”, principal música do álbum e que ganhou até um mezzo clipe, mezzo entrevista:
Brunno diz que metade do registro foi feito por ele e Tolstoi, mas os instrumentistas que ficaram na cozinha das músicas também merecem alguma menção: “A bateria foi gravada pelo Marcelo Vig e os teclados, pelo Fabra. O Henrique Band (que já tocou sax no Barão Vermelho) gravou ainda uns metais bacanas e o André Carneiro e o Guila gravaram alguns dos baixos também”, detalha o cantor carioca.
Recheado de referências à música dos antigos álbuns de Lenine, as canções de estréia de Brunno Monteiro conversam sobre as situações do dia a dia, vividas por toda e qualquer pessoa do mundo – mas que nem por isso perdem a graça, a magia. Desenha boas histórias de amor, mas não cair nas mesmisses de comédia romântica. E mostram uma força incrível, pulsante, até quando a levada é mais suave.
“Eu escrevo basicamente sobre o que eu vivo e sobre as minhas observações no dia a dia, sobre as minhas andanças, minhas noites, minhas viagens. E são essas andanças que me fazem pensar em música. A questão dos encontros, da vivência do espaço, da ocupação das ruas… Acho que minha música trata um pouco disso. Não apenas através das letras, mas na própria melodia. É um jeito de traduzir o som da cidade mesmo. Um som desses encontros, das pessoas, das ruas. O tal “eco”.”, discorre o cantor.
“Ecos da Rua” será lançado “em uma ou duas semanas”, através da página do Facebook do cantor, de graça para ouvir online e baixar. Enquanto isso, vale ir ouvindo o “Lado A”, já disponível por lá.