Questionar o mercado em que estamos inseridos é uma forma natural e saudável de buscar melhorias. Criar estratégias de desenvolvimento e crescer dentro do mercado musical é uma forma de sobreviver, considerando a competitividade e a importância de aperfeiçoar o trabalho realizado. Conseguir abrir caminho para que outras pessoas possam estar dentro desse mercado é pensar no futuro.
A presença das mulheres na música, por diversos motivos, foi colocada para escanteio por muito tempo. Hoje, podemos ver eventos, movimentos, coletivos e ações que buscam trazer para frente dos palcos a presença, relevância e influência de tantos nomes importantes da música brasileira.
Entre alguns bons exemplos temos o SONORA e o Women’s Music Event Awards. Realizar um evento para ouvir e falar sobre o cenário musical pelo olhar das mulheres (ainda) é um movimento pouco recorrente. Premiar as mulheres que fazem esse cenário possível é mais do que incentivo, ajuda na união e na expansão de tantos trabalhos.
No dia 21 de Outubro aconteceu a 8ª edição do Brasilia Sessions e mais uma vez, o evento foi dedicado as mulheres, com a presença de Raquel Reis e Labaq. Porém, foi mais do que escutar essas mulheres cantarem. Houve uma roda de conversa com o tema “Protagonismo Feminino Na Música”, para pensar no espaço que as mulheres vêm ocupando, com mediação da Marcela Imparato.
Eli Moura, que é produtora, apresentou perspectivas de como ela trabalha e como é possível enfrentar o machismo, a misoginia e os preconceitos sem abaixar a cabeça ou colocar seu trabalho de lado. É preciso está em cena, regendo seu trabalho. Além disso, lembrou do editais de fomento a cultura como uma forma de conseguir apoio do Governo para realizar cursos profissionalizantes em outros lugares e espaços.
Labaq, que também compôs a mesa, tem trabalhado dentro do SONORA SP com afinco, e em uma conversa que tivemos, declarou que a iniciativa chegou em um momento de urgência e por isso seu crescimento foi natural. “O futuro do Sonora SP é conseguindo levar informação pra mulheres que queiram estar na música, palco para todas as minas que tocam. O que já somos hoje, porém em proporções maiores e com nosso foco de fazer tudo gratuito”, declara a cantora que toca a própria carreira de forma cem por cento independente, gerindo cada parte de seu processo musical.
Trazer essas vozes para dentro do Brasilia Sessions foi, sem dúvida, um incentivo. Entre várias falas fico com a sensação de que estamos nos organizando em direção a um cenário feminino recorrente, potente e necessário, dentro da música. Indo em direção à consolidação, almejando isso e trabalhando para conseguir.
Em uma noite abafada e quente de Brasília ouvir esses posicionamentos é um frescor que se completa com os shows altamente acolhedores.
Raquel Reis proporcionou ao público a alegria de ouvir, em primeira mão, seu disco de estreia na integra. Apresentado com arranjos especialmente pensados para o evento, Quitinete é um disco para se sentir em casa. A cantora se apresentou, nos vocais e no violão, ao lado de Lucas Gemelli (acordeon), Gabriel Oliveira (guitarra), Zé Assumpção (baixo) e Tom Suassuna (violino). O rock triste de Raquel traz composições intimas e reflexões sobre as relações pessoais.
Labaq trouxe uma atmosfera intimista e introspectivade VOA, seu disco de estréia. O público estava atendo em sua guitarra e voz. Então surge uma voz cantando junto, uma voz que não só conhece a música, mas se apossa dela. Larissa não conseguiu conter o choro e declara, alguns dias depois do show, “o que aconteceu em Brasília vai ficar no coração, infinitamente, foi muito especial e emocionante. Sempre me toca experimentar musicalmente o que me traz sensações diferentes e acabo tendo o ímpeto de pensar que se traz a mim, pode trazer também para outras pessoas. Tudo que envolve a música que sai de mim é feito com o maior carinho que tenho e acho que as pessoas sentem isso se elas se mostram dispostas”.
Em uma edição especial (a ocorrência da roda de conversa é um espaço novo dentro do evento) o Brasilia Sessions mostra que vem mobilizando Brasília e promovendo um evento democrático. A ideia de convidar uma banda de outro Estado para tocar, no mesmo palco, que um artista local, deixa claro a preocupação de toda a equipe em fazer com que o evento seja um grande encontro.
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