Bebel Gilberto @ Circo Voador – RJ 02/12/2010

Texto: Marcos Xi
Fotos: Juliana Ribeiro
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Bebel é uma estrela radiante na casa do carioca bom de ouvido. Menina boa de prosa, boa de verso, boa de ginga e balanço. Simpática e vaidosa, falante e feliz. Não está ali somente para entreter, está para alegrar, está para emocionar, para nunca mais se esquecer que foi desse país que essa voz maravilhosa cresceu e despontou por lá. Descontando o generoso atraso no início da apresentação, e o já início de vaia por parte do público, tudo parece simples para Bebel. Suas desculpas por chegar atrasada foram em forma de improviso, fazendo uma canção na hora para explicar ao público seus motivos: a Lei Seca carioca.

A noite bem que tentou estragar a festa, com a chuvarada que caiu antes da apresentação, mas ainda sim tinham bastantes figuras embaixo da lona do Circo. Pessoas de todas as idades, figuras de todas as classes, alguns artistas e centenas de fãs, que mesmo tímidos na hora de cantar, balançam seus corpos de um lado para o outro, sorrindo e sussurrando as letras de “Aganju” e “All In One”, canções que abriram o repertório da cantora. Canções de grave forte, batida que carrega o ouvinte e o convida para a noite. Entre muito suor, movimentação e a maquiagem escorrendo, uma grande preocupação tanto com a bateria do microfone ou o público cantando e batendo palmas, afinal, era uma pré-gravação de DVD e todas aquelas câmeras estavam registrando tão bem um momento a ser lançado em todo o mundo.

No repertório, apesar do lançamento oficial de All In One, seu último disco, estiveram mais presentes canções de seu primeiro álbum solo, Tanto Tempo, que deslanchou no mundo e trouxe aos ouvidos alguém que é mais que uma filha de outro famoso. “Acabou Chorare”, dos  Novos Baianos, veio antes de “Baby”, canção que Caetano escreveu para Bebel. Miúcha, mãe da cantora, assistiu a apresentação do alto da platéia, coincidentemente, no mesmo onde Madonna também se sentou uma vez – muito justo. O show vai se montando nessa mistura português com inglês, bossa nova com chillout, na sensualidade e na competência da estelar banda de Bebel Gilberto – sexteto afinadíssimo e bem junto da cantora, como uma verdadeira família e como bons amigos.

Daí, como um rei da Lapa, Otto entra no palco segurando seu microfone e mostrando seu gingado, interpretando a canção “Bob”, presente no primeiro álbum solo do músico, Samba Pra Burro, que teve a ilustre participação de Bebel. Os improvisos vocais e nas letras durante a música feito pelos dois cantores e toda a animação fazem o público explodir dentro da quente lona verde da Lapa. Sem deixar Otto sair do palco, a Orquestra Voadora, e todo o seu combo de metais, interpretam “Bananeira” e o hit da novela das 8 “Chica Chica Boom Chic”, encerrando de maneira apoteótica a primeira parte do show.

Aos aplausos e gritos, finalmente veio ao público aquela que talvez seja a música que todos mais cantaram em vida: “Preciso Dizer Que Te Amo”, dela, Cazuza e Dé, que fez até gringo procurar pelo cd que tem essa música na barraquinha de merchan ao lado do palco – e não encontrou. Público cantando cada palavra da música e ainda forçando a cantora a voltar ao palco e tocar mais uma vez a mesma música, para a catarse final dos presentes, e mesmo ainda tendo o clássico “So Nice”, infelizmente, riscado do setlist durante o decorrer do show.

Foram uma hora e quarenta e cinco minutos de show. Tudo isso sem perder o tom, sem perder o gingado e sem perder a simpatia. Foi como as borboletas que estavam presas no palco: lindas, libertas e embelezando a noite como a presença de Bebel no palco.

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Eu, Marcos Xi, editor-chefe do RockinPress, gostaria de agradecer ao Circo Voador por ser a casa mais acolhedora e simpática com nossas linhas, também a Baze Produções pela simpatia e atenção que nos tratou e a Bebel Gilberto, por ser… a Bebel Gilberto.