Texto por Marcos Xi
Fotos por Beatriz Milhomem
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Já era mais de 10 da noite quando ‘a banda do cantor sem impostação vocal”, assim como uma pessoa da platéia definiu, terminou a apresentação de abertura da noite. A banquinha de goodies já havia sido desmontada e a lotação da casa esgotada. As cadeiras vazias na platéia logo seriam explicadas pelo pessoal animado em pé na frente do palco. Era o Apanhador Só no Oi Futuro 6 anos depois da última vinda ao Rio de Janeiro.
O show foi uma luta entre a animação descabida da maioria do público contra problemas com o amplificador da guitarra de Felipe Zancanaro. Do lado do público, os mocinhos desse musical no teatro, estavam fãs afinados com as letras descabidas dos nem-tão-jovens gaúchos, cantando ao microfone que o vocalista Alexandre virou para eles e aplaudindo a cada solo frustrado de Felipe. Era fácil ver ali pessoas que esperaram meses, talvez anos, até verem o Apanhador ao vivo, principalmente com o lançamento do primeiro disco e ainda com o excepcional Acústico-Sucateiro, presente nos melhores sites de download e em Fitas K7. (Sim, fita k7. Leve 5 em bom estado e com capinha e troque pela do Acústico-Sucateiro, com encarte e capa.)
Do outro lado da batalha, fazendo parte da brilhantemente coesa trilha sonora da noite, estava aquele amplificador Fender, modelo Frontman 212R (em média, um desses custa R$1.900 reais), valvulado, brilhando e com sérios problemas emocionais. Parecia que o ampli sentiu um ar sentimental bem ilustrado nos solos que Felipe deu e resolveu pifar inutilmente no meio do show. Na regra era: funciona quando quer e para quando der. Nos solos, passagens e todo o momento onde Felipe começava a brilhar com sua guitarrinha quase no pescoço, o amplificador resolvia sabotar seu dedos e enlouquecer a todos na banda – que incrivelmente segurou o som de maneira precisa sem deixar um buraco nas músicas.
Depois de uma fileira de canções, desde de as do primeiro cd e inéditas já preparadas para um próximo lançamento, a banda faz aquela pose de quem vai embora: anuncia a última música e faz aquele bate-volta no camarim para dar o bis, porém a avançada hora e a cortina que se fechava denunciaram a despedida precoce da show, sob gritos óbvios de ‘mais um’. Um discurso sentimental do vocalista, uma tentativa de segurar a cortina e tudo foi em vão. Até a banquinha que seria montada no saguão do teatro Oi Futuro teve que ser suspensa para o fechamento total da casa. Foi daí que veio o início da vitória total.
Quem ficou até o final viu o anuncio que Alexandre fez, em tom de grito de guerra, mostrando a solução para os fãs e a casa, o fim de uma batalha: “Vamos para a rua e vamos continuar o show lá!”. Aproveitando as intervenções que a banda andou fazendo nas ruas de São Paulo, levando o formato do Acústico-Sucateiro para todos os públicos, o Apanhador Só sentou-se na frente de uma banca de jornal em frente a praça General Osório, em Ipanema, ao lado do Metrô, e começou a segunda parte do show lá. Da maneira que mais próxima ao público que poderia ser.
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“Nescafé” na General Osório
O povo foi aglomerando, chegando mais gente e olhando o que acontecia naquela roda. De dentro de uma mala saiu um surdo; de dentro do surdo saíram várias caixinhas; e de dentro das caixinhas vários briquedinhos e sucatas, que com um pouco de talento, iam fazendo sons que desenharam o final da noite de terça – que já era quarta – em praça pública. A primeira a ser tocada foi exatamente o bis que não ouvimos no Oi Futuro: “Vila do 1/2 Dia”, seguida dos gritos por “Prédio”, “Nescafé” e ainda uma versão improvisada de “Maria Augusta”, cheio de versos rimados na hora e com participação do público.
No final, a barraquinha se encheu de novo. Os cds, camisas, botons e as fitinhas passaram de mão em mão, ganhando novos donos, enquanto o baixista Fernão distribuía adesivos a esmo aos presentes. Aquela bicicletinha que tanto marca a banda só foi tocada na genial “Bem-Me-Leve”, mas a mesma bicicleta estilizada foi como marca nas mesmas camisas, botons e as fitinhas para a casa de algumas dezenas de cariocas, que deverão lembrar com muito carinho dela ali no meio do palco, esperando ser tocada, contemplada e ovacionada como toda a boa música deve ser, seja num teatro e sentado ou seja na rua e em pé.
O amplificar Fender Frontman 212R não é valvulado, e sim transistorizado.
Você errou.
Esclareceu bem, novamente, e realmente eu não sabia disso, até porque não entendo de amplis. Quem me passou a info de ser valvulado foi o próprio guitarrista do Apanhador Só. Então, reclame com ele. 😉
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