Aiure e Vitor Araújo: uma conversa sobre as expectativas para o Festival COMA
Com novos ares e renovando o circuito de festivais pelo país, o COMA chega a sua segunda edição para mostrar a força de produção de Brasília. A primeira edição esquentou as coisas nas Capital Federal e teve boa receptividade foi um estímulo para dar continuidade ao festival. Sendo assim, entre 10 e 12 de Agosto Brasília receberá, mais uma vez, grandes nomes do mundo da música, além de contar com ótimas conferências.
A parte musical do evento destina 50% da sua programação a bandas brasilienses; a outra metade é preenchida com artistas que têm chamado atenção no país entre o gramado da FUNARTE, o Planetário e o Clube de Choro.
A outra frente do CoMA, a conferência, tem como sede o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A programação é voltada ao mercado da música. Com a participação de produtores, artistas, empresários, jornalistas, influenciadores, entre outros, a feira profissional é concebida na perspectiva do Turismo Criativo, com o objetivo de promover intercâmbios, rodadas de negócios, palestras, debates e workshops.
Escolhemos dois artistas (da música instrumental) para falarem mais sobre seus trabalhos e expectativas a cerca do Festival em uma pequena entrevista. Para representa um pouco do formato do COMA (que mescla artistas de Brasília e de diversas regiões do país) trouxéssemos Aiure, trio brasiliense formado por Lucas Pacífico (guitarra), Gabriela Ila (piano) e Renan Magão (bateria) e Vitor Araújo, de Recife.
Aiure – Aiure
O lineup do COMA conta com 50 % de artistas brasilienses, como é poder representar a capital do país nesse festival, que apesar de está na segunda edição, vem mostrando potencial e recepção de perdurar?
Achamos uma grande honra poder participar dessa edição do CoMA. Ano passado se mostrou um festival grande e inovador, com um line surpreendente. Quando chegou o convite, ficamos realizados, porque, além do lançamento do disco, tocar nesse festival era uma de nossas metas. Valeu, CoMA!
Quais artistas brasilienses, que não estarão no festival vocês recomendariam para as pessoas?
Além do Joe Silhueta e Transquarto, que fizeram shows incríveis ano passado, achamos que o João Pedreira, que lançou um discasso (“Água na Peneira”), combina muito com o CoMA. A Zéfiro, que tem um rolê intimista, a OXY que também acabou de lançar um disco foda… Tem mais um bocado, se a gente continuar falando montamos um line pro ano que vem.
Com trabalho novo, nome novo, tudo novo, o que o público pode esperar do show de vocês? Tem algum spoiler que é possível soltar?
Vamos apresentar o disco na íntegra com as muitas participações especiais, dentre elas vocais, trompete, sintetizador. Pretendemos criar uma experiência sonora que trabalhe junto com o planetário (achamos irado saber que vamos tocar lá) e o spoilerzinho é que faremos uma versão especialmente para o festival de uma música muito importante pra gente.
Vitor Araújo – Levaguiã Tere
Durante o mês de Julho você esteve toda segunda-feira no Centro da Terra, a convite do Trabalho Sujo desenvolvendo o concerto Mercúrio. Como foi realizar as gravações ao vivo? Já é possível ter acesso ao material coletado?
A temporada que fizemos em Julho foi uma experiência importantíssima pra mim. Acabamos formando times absurdos de artistas colaboradores, pessoas que eu admirava de longe mas que nunca havia tido a oportunidade de tocar junto. Pude desenvolver uma ideia de processo com Raul Luna e GG Albuquerque e executa-la no período de um mês. Foi um momento importante também por me relacionar com uma forma mais aberta de criar, pois meu processo composicional é muito ligado ao controle total de todas as notas, timbres, é sempre tudo muito pensado em arcos longos, isso pela minha história com a música ser ligada à música erudita, desde criança. Pude exercitar outro método de criação. E agora, terminada a temporada, todo o material gravado eu vou em casa re-editar e criar novas músicas do zero usando as gravações como ‘instrumento’. Tô bem empolgado com isso.
Você esteve em Brasília em Abril e agora volta com o Levaguiã Tere no COMA. Da sua experiência com o público da cidade, há alguma expectativa sobre o desenvolvimento do show dentro do festival?
É sempre bom poder realizar o show nesses dois formatos na mesma cidade: fazer uma noite sozinho em teatro, e depois estar em line-up de festival. Eles trazem atmosferas muito distintas pra o concerto, tanto pro artista quanto pro público. No caso do festival, é interessante o fato de você tocar para parte do público que não foi lá exatamente pra te assistir, mas pra ver a banda ou o artista que toca antes de você, por exemplo. E o clima que fica transitando à medida que as diferentes atrações vão deixando sua marca no palco. Creio que o melhor show que fizemos do Levaguiã foi justamente no Festival Rec-Beat, então é um ambiente que me agrada bastante o de festival. Bem ansioso pra tocar no COMA.
Além de sua clara experimentação dentro da música, a parte visual parece ocupar um espaço de grande relevância no seu trabalho. O desenvolvimento do seu site, por exemplo. Você costuma pensar nesse dois espaços (musical e visual) em conjunto? Isso transparece nos seus shows?
De fato, o imbricamento da música com os desdobramentos visuais dela têm sido motivo de grande atenção de minha parte desde o lançamento do A/B, em 2012. Isso vai desde o desenvolvimento da identidade gráfica dos álbuns, até a forma de como eu vou pensar a execução do concerto ao vivo. Meu parceiro nisso tem sido o Raul Luna desde então. Mas, se a pergunta foi no sentido de saber se eu estou pensando na parte visual enquanto estou compondo a resposta é não. Existe, em alguns casos, algumas relações visuais estruturais quando estou escrevendo peças pra formações orquestrais na partitura que eu costumo usar como meio de desenvolver a ideia da instrumentação da peça, por exemplo. Mas isso é uma coisa bem específica, e bem distinta do que eu estava falando sobre a imagética desenvolvida posteriormente ao álbum.