Álbum: Arrow of My Ways
Artista: Rosie And Me
Lançamento: 25/01/2012
Selo: Independente
Site oficial: rosieandmemusic.com/br
Rockometro: 8,7
Há de fato uma nova cena nascendo dentro do país baseada no instrumento mais comum no nosso dia: o violão. Se Mallu Magalhães e o Vanguart não conseguiram alavancar a tendência, em 2012 teremos novos integrantes para essa leva magnífica de compositores, reafirmando que a real beleza vem da simplicidade. Um dos maiores e mais esperados nomes para liderar este recomeço são os curitibanos do Rosie And Me – uma banda que um dia foi identificada pelas melodias fofas, mas que está lançando um álbum adulto, bem arranjado e com visão além do território brasileiro.
Arrow of My Ways olha bem dentro de uma jovem voz e trás em forma de música alguns sentimentos que dificilmente conseguiríamos descrever. Rosanne tratou o disco como um verdadeiro filho, criando, produzindo e por vezes arranjando sozinha, fazendo do álbum uma descrição do seu momento – o que é facilmente percebido logo na primeira audição. É um desenho muito bem feito, com traços precisos e cores bem definidas, escrito por uma banda que evoluiu tão rápido quanto o crescimento de seus fãs.
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“I Couldn’t Reach You”, em versão demo de 2010 apresentada como “Cannot reach you”
O que difere Arrow of My Ways do EP Bird and Whale (2010) é a forma como as melodias estão propostas e as letras descritas. A voz adocicada, aquela mistura country com a alma folk e as melodias colantes ainda estão ali, mas deixando em evidencia que o real objetivo da banda não é ser um grupo de doces melodias para adolescentes e sim uma banda adulta pronta para tomar o mundo.
Mesmo tendo um leque de canções inéditas apresentadas em shows e gravações, apenas “Jamie” e “I Couldn’t Reach You” foram conhecidas previamente – e mesmo assim foram bastante mudadas. Rosie, como produtora, focou na unidade do álbum e no amadurecimento sonoro do grupo para organizar as faixas. Canções como “Treehouse” e “Southern Home” já apontam um norte diferenciado, com organização métrica diferente do utilizado anteriormente.
As faixas mais lentas ganham destaque pela emoção singela que passam, principalmente a ótima “Light You Up” e o single “Arrow of My Ways”, que ganha participação especial de Greg Thomas. Greg é parte de outra mudança dentro da banda: vocais masculinos passam a contrastar com a voz de Rosanne em três faixas (“Home” e “Where The Heart Is”, que tem a participação de Joshua Thomas, e a já citada “Arrow of My Ways”), criando novas formas de trabalhar com a música e abrindo ainda mais as opções da banda.
É interessante analisar, também, o conteúdo como um todo e sentir falta dos elementos que um dia foram chave do som da banda. Não podemos mais ouvir assobios, ukulele, músicas alegrinhas e fofurisses que acabavam travando a banda em um certo nicho de fãs. As mudanças sonoras fazem com que o Rosie And Me abranja um vasto público de idades bastantes dispares, num ato baseado na maturidade e que abocanha um novo público para seus shows.
Talvez, na primeira ouvida, os fãs antigos se surpreendam com essa nova perspectiva sonora que o Rosie and Me apresenta, mas basta olhar no fundo do coração para sentir como aqueles slides são sinceros. Não é que ser fofo seja infantil. Infantil é não querer ser maduro.
belas palavras pra um belo disco de uma bela banda.