*fotos por Juliana Ribeiro
A grande idéia do Carnaval é a bagunça generalizada e desprendimento de regras e ideais. Talvez por isso, a capital carioca se torna um caos ao som de samba-enredo, onde o cheiro perfumado de suas árvores dá lugar ao odor fétido de urina nos troncos e galhos de cada rua, em cada esquina e em cada fim de mundo. Como não existe uma punição num momento onde não existem regras, tive que abaixar a cabeça quando fiquei 1 hora e 45 minutos esperando um único ônibus municipal. Peço desculpas a banda Medulla, pois deixei de conferir a animação avassaladora que eles são famosos.
Quanto a casa, o sempre simpático Cinemathéque, tem que agradecer sua fácil localização. Perto da praia e ao lado do metrô, um convite fácil para quem quiser se divertir. Fora isso, atendentes simpáticos e respeitosos quanto as regras da casa. Porém a iluminação e o som são tão precários que dificultam a audição dos ouvintes do show, dos fotógrafos presentes e até do trabalho do DJ Yugo, convidado da noite. A lotação só começou a esquentar durante o show dos nossos amigos paulistas do Ecos Falsos, segunda banda a entrar na noite.
Ironicamente, o set-list que estava colado no palco era o mesmo do show que eles fizeram uns dias antes, na casa A Obra, em Belo Horizonte, com a mesma data e o nome da casa. Só o tempo de show, como todos os 3 da noite, é que foi muito curto e todo o setlist não pode ser executado. O público ainda estava se esquentando e permaneceu tímido durante o início do sempre animado show dos Ecos Falsos, ensaiavam cantar algumas letras e até sabiam os hits do novo álbum, o atual single “Spam do Amor” e o próximo, “Verão de 69” – essa ganhará o clipe junto com a versão definitiva do último álbum, Quase, que sai em março. Em Junho, deverá chegar o clipe da faixa tema.
O show engrenou de vez quando um amigo da banda xará do vocalista Gustavo Martins subiu ao palco e animou cantando os versos de “Reveillon”, primeiro single do Ecos Falsos, ainda na época do clássico álbum indie Descartável Vida Longa. A banda aproveitou e engrenou “Sobre Ser Sentimental” e seus berros de ‘Eu só sou sentimental quando me fodo!’, daí para frente, foi a festa. O grupo ainda tocou “Bolero Matador”, “Dois a Zero” (essa cantada pelo baixista, simpatia e sorrisos, Vini F. em substituição a Fernanda Takai, que dá a voz no álbum) e tantas mais da última bolacha do grupo. Só não tocaram “Speed Porco”, que os fãs fazem questão de pedir em todos os shows.
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R.Sigma – Mito do Insubstituível
Além de subirem ao palco como organizadores da festa e banda principal, já que estão em despedida da cidade para uma turnê de 25 shows nos EUA, o R.Sigma veio mostrar o porque de tantos elogios que recebem devido a sua animação e arranjos de altíssimo nível. Público subindo no palco e cantando junto as músicas, canções novas e até invasão no vocal teve como ilustração ao destruidor show, que surpreenderia até o mais cético dos indie-rocker.
As influencias americanas de bandas como The Mars Volta e The Sound of The Animals Fighting se confundem com a voz carioca e emocional de Lucas Castello – as canções novas também traduzem a nacionalidade plural que a banda consegue imprimir ao seu som no palco. Enquanto que entre uma música ou outra, o guitarrista Tomás faz um discurso emocionado sobre amizade e agradecimentos, Lucas se resume a dizer diretamente ao público enquanto canta, olhando um e cantando para ele, gritando verdades com força e sendo sentimental quando se pede – tal como foi sua emocionante explicação sobre a belíssima canção “O Mito do Insubstituível”.
Ouvir músicas impressionantes como “Permaneça Flexível” ou “Sobre Trunfos e Bandeiras” do R.Sigma, ou “A Revolta da Musa” e “Nada Não” do Ecos Falsos, te fazem esquecer que, por algumas horas, o inferno denominado Carnaval está ao seu lado, comemorando a esbornia e você o feriado, e sua viagem para casa será interrompida por quase uma hora por que um carro da Unidos da Vila Kennedy (grupo de acesso) está trancando a passagem da rua de mão única e você TEM que espera-los guardar o carro…
RAFAEL? VOCALISTA DO MEDULLA? TU FUMOU O QUE?
opa, erro já acertado.
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