De Goiânia
Fotos: Marcus Turíbio
Criolo, Flora Matos e Haikaiss
Antes tarde do que nunca. Apesar do tempo correr rápido, Goiânia será imortalizada em minha mente, após mais uma edição do Vaca Amarela, que teve o seu maior público em um domingo, terceiro dia do festival e surpreendeu a todos com tamanha organização e line-up.
Após grande shows como Céu, Flora Matos, Boogarins e outros nomes expressivos na cena nacional, Goiânia teria como headliner dominical Criolo, que após resolver a polêmica de plágio do seu disco “Nó na Orelha” prepara um novo trabalho ainda para 2014.
O dia começou com bandas de punk e hardcore, naquele horário bem ingrato. Só consegui chegar no festival na hora da Entre os Dentes, por volta das 17 horas. Desse dia eu só conhecia algumas bandas da programação, das que eu conhecia estava Cherry Devil, banda local que conta com um dos vocais mais expressivos que já vi e uma baixista que chama por sua animação faz toda a platéia assistir sem nem piscar.
Outra banda que eu conhecia era o Monster Coyote, do Rio Grande do Norte. A galera, amiga do pessoal do Far From Alaska, tem um som bem pesado e delicioso. Se intitulando como Sludge Metal, os cara pareciam mais uma banda de Doom (que no final das contas, está tudo ali, juntinho) e foi isso que me fez correr até o backstage e ver o show de cima. Esse não é o tipo de coisa que gosto de fazer, mas fiquei bastante impressionado com o poder do trio que ta fazendo uma tour bem legal pelo Brasil, eles não paparam nenhum minuto sequer, até mesmo quando estavam apenas falando com o público estavam animando a galera.
Após essa pancada cheio de gritos e violência. Virei para o outro lado, onde estava o palco um e vi quatro garotas mostrando que o festival estava totalmente em sintonia com o poder feminino, as Girlie Hell tiveram um show difícil para quem estava na platéia, com uma iluminação que cegava e um som um tanto abafado no vocal as coisas se perderam no meio, assim como a minha atenção, mas ainda assim conseguiam mostrar porque estavam ali.
Patrick Horla
O festival propôs intercalar bandas de metal com rap na programação. Achei a mistura um pouco estranha, mas então me lembrei do comentário da organização que esses dois públicos se misturam bem e até entram em intersecção. Então, quem entrou na sequência foi Patrick Horla, que com máscara estranhas e letras pesadas e críticas arriscava em um vocal rasgado nas rimas., demorei para conseguir compreender essa mistura de Slipknot com Emicida.
Nesse dia a lotação foi bem forte e por volta das 20 horas a maior parte das quase 10 mil pessoas já estava por lá. Consegui assistir o show do Dogman um pouco de longe, mas o carisma da banda é tão forte na cidade que a cada minuto o público chegava mais perto do palco, e eu embarcava junto. Rock de cabeludo porém nada de farofa, já tinha ouvido o som dos caras, quando lançamos eles aqui, mas ao vivo é sempre melhor já que eles sabem como trazer os bate-cabeças para a frente do palco.
Agora começa as cerejas do bolo, as 5 útimas atrações do dia eram: Haikaiss, Aurora Rules, Mugo, Kamura e Criolo. Assisti parte do show do Haikaiss, que já conhecia ao vivo e vi que a conexão entre os mc’s e dj é muito forte e isso que movimenta todo o público que a banda atrai, uma sinergia bem forte que com letras diretas e que falam de uma realidade bem convincente.
Com letras em português, a Aurora Rules ainda soa como o hardcore/screamo que vimos com o estouro do emocore. Chamou atenção por ter letras em português, uma coisa pouco comum nas bandas locais que tem um som mais pegada, mas não caiu muito no meu gosto. O que me impressionou mesmo foi o show do MUGO, uma das bandas mais comentadas da noite. Pedro Cipriano é uma das gargantas mais insanas que já vi na vida, o som dos caras é realmente impressionante, até agora to impactado e querendo mais um show deles.
MUGO
Esse foi o último show que consegui assistir no festival. O cansaço de três dias de muito rock me fizeram optar por não assistir novamente o show do headliner da noite, que recebeu Flora Matos e Haikaiss em palco. Mesmo não assistindo ao “grande” show da noite, para mim, o Vaca Amarela fez três dias de muito som bom, com muitas bandas locais boas e sem nenhuma briga, algo mágico e muito bonito.
Esse é o saldo para um festival que em sua décima terceira edição já foi emancipado e se tornou maior de idade. Talvez o Vaca Amarela devesse se exportar para o Brasil todo e mostrar que basta as pessoas conseguirem entre si para transformar não apenas a cena, mas toda uma cidade. Parabéns Vaca Amarela, até a próxima