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Resenha: Violins – Direito de Ser Nada

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Álbum: Direito de Ser Nada

Artista: Violins

Lançamento: 19/04/2011

Selo: Monstro discos

Download: Violins.com.br

Rockometro: 8,5

Escrever sobre Direito de Ser Nada, o mais recente lançamento do conjunto goiano Violins, é uma tarefa que me permite refletir sobre a tênue a distância que demarca conflituosa relação entre o exercício da crítica musical e a adoração por uma banda. Portanto, para que fique bem claro, caros leitores, desde já me posiciono dizendo que quem aqui vos escreve é, de antemão, grande simpatizante do conjunto liderado por Beto Cupertino.

Contudo, com o passar dos anos, percebi que o verdadeiro fã, longe de celebrar cegamente cada novo trabalho de seus ídolos, deve, inversamente, aprender a balancear melhor o significado dos lançamentos tentando criar uma medida a partir da diferença entre o trabalho que foi realizado e o aquele poderia ter sido feito.

As primeiras mostras do esqueleto de Direito de Ser Nada vieram à tona no final de 2010 com a divulgação do áudio de nove canções do show que a banda fez no Festival Do Sol, realizado na cidade de Natal. Para tristeza de uns e alegria de outros – estou incluído neste último grupo -, as músicas apontavam para uma ruptura com o passado recente ao adquirir uma pegada mais leve, solar e descompromissada – fato este comprovado com o lançamento virtual da bolacha realizada no dia 19 de abril.

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“Medo de Dar Certo”

Um primeiro aspecto que deve ser considerado sobre o disco está no próprio anti-conceito que dá nome à empreitada: o formato conceitual adotado por Beto Cupertino para aglutinar suas composições – uma de suas grandes marcas – é abandonado em prol de um CD sem amarras temáticas. Ou pelo menos aparentemente sem amarras, uma vez que Direito de Ser Nada acaba por ser um reencontro com a temáticas do amor, alvo de preocupação do letrista, sobretudo, nos dois primeiros trabalhos da banda. Porém se a temática é habitual ao universo musical o tratamento lírico apenas atesta a imensa versatilidade de Cupertino.

Enquanto o Toque Dela, outro grande lançamento musical deste ano – mais pela música do que propriamente pelas letras – fez de Marcelo Camelo a encarnação literal de um bobo apaixonado, o letrista do Violins emociona ao captar sentimentos que fogem ao lugar comum. “Medo de Dar Certo”, a grande canção do disco, retrata o amor por seu avesso: o receio de perder a liberdade – ou ao menos uma liberdade distorcida como alerta Cupertino (a idéia de ser livre errada/separa toda gente). “Rumo de Tudo”, por sua vez, é um contraponto irônico: “pra eu me redimir do meu comportamento cínico/ e me recuperar de vez de um mau estado clínico/ me hidrate a pele com as benesses do seu suco gástrico”.

O olhar apurado e desconcertante de Beto permeia outros belos momentos do disco como em “emendo seus cortes porque não é bom inaugurar só o que pode durar”, de “Do Combate” e “perdoar é a maior das injustiças – se é tão fácil, qualquer um na rua é capaz”, da faixa “Perdoar é a Maior das Injustiças”. Musicalmente falando o disco é permeado por vários momentos primorosos como o empolgante crescente épico de “É Como Está”, a delicadeza de “Rumo de Tudo” com seus belos pianos, os metais e o ar dançante de “Nossos Embrulhos”, as paradinhas e o refrão de “O Grande Esforço” e a veia stoner de “Medo de Dar Certo”. Por outro lado, quando Direito de Ser Nada teima em revirar a ossada do passado recente o resultado é previsível e cansativo como em “Do Combate”, uma mistura piorada sem tirar nem por de “Terrorista Justo” com a grandiosidade do refrão da “Festa Universal da Queda”.

Essas queixas apenas reforçam o lamento pela ausência de grandes músicas como a excelente “Sono de Rei” – executada no Festival do Sol -, “Real Revolução” e “Ressaca” – para não citar a absurda “Constrangimento ao Diabo”, lado b que traz em um de seus versos o nome do disco. Se uma correção de rota ou um desvio completo de direção, pouco importa. Direito de Ser Nada, com seus quarenta minutos, faz jus as expectativas: emociona o fã e agrada o critico.

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