O primeiro semestre musical chegou ao fim. E como não poderia deixar de ser, alguns dos discos mais esperados do ano já deram as caras. Em meio a lançamentos superestimados (High Violet, do The National), entediantes (The Suburbs, do Arcade Fire) ou simplesmente insignificantes, alguns dos melhores momentos musicais até o presente momento vieram de ilustres desconhecidos (Paul’s Tomb a Triumph, do Frog Eyes; I Learned The Hard Way, Sharon Jones & The Dap Kings; a estréia homônima do Beach Fossils).
Enquanto teve gente boa errando a mão (caso do repetitivo quarto disco do Interpol), por outro lado, uma outra parte da turminha de responsa da música não desapontou e acertou em cheio novamente, com destaque para o competente ‘terceirão’ do Superguidis e o espetacular Expo’86, dos canadenses do Wolf Parade. Assim sendo, a mixtape Recapitulando traz a você leitor do RockInPress dezesseis jóias musicais que servem como um pequeno registro do que melhor aconteceu em 2010 até agora.
Seleção de faixas por Guilherme Sant’Ana
Foto da capa por Marina Cairo (Flickr)
Edição de imagem por Marcos Xi (no Paint!)
Tracklist e explicação faixa-a-faixa:
01 – Younger Us, Japandroids
Depois de um dos grandes discos de 2009 (que continha, apenas para frisar, a maravilhosa Crazy/Forever), o Japandroids volta à tona com um single mais do que espetacular: uma verdadeira aula para o senhor Jack White sobre o que é fazer música usando apenas guitarra e bateria.
02 – Não Fosse o Bom Humor, Superguidis
Não Fosse o Bom Humor, a grande música nacional de 2010, certamente me levanta uma enorme dúvida: como um rock tão potente, altamente viciante, com uma letra tão despretensiosamente divertida – o que é algo louvável em se tratando da usual pretensiosa falta de graça da cena gaúcha – ainda assim consegue ficar completamente afastada das rádios deste país?
03 – Tsunami, Violins
Ainda que Greve das Navalhas seja um disco apenas mediano dentro da discografia do Violins, as guitarras contagiantes e a letra surreal de Tsunami (Eu e a multidão de água/ Passando sobre as pousadas como um lego/ Levando no peito os carros/ Bebendo forçado um suco/ De água do mar com tudo que era resto/ Tentando agarrar um teto) mostram que a banda goiana, além de possuir inegavelmente o letrista mais talentoso em atividade neste país, ainda tem muito a contribuir dentro do cenário musical nacional.
04 – A Flower In a Glove, Frog Eyes
Por muitas vezes o excesso de grandiosidade fez o Frog Eyes confundir emoção com chatice. Em A Flower In a Glove, Carey Mercer finalmente acerta o ponto consegue realizar o seu grande intento: transformar tensão em redenção.
05 – Stranger, Dr. Dog
Ainda residindo nos (duvidosos) anos 60 o Dr. Dog nos brinda com Stranger, uma canção extremamente despreocupada feita sob medida para as ensolaradas manhãs de domingo.
06 – Excuses, The Morning Benders
Big Echos, segundo disco do The Morning Benders, foi saudado por alguns blogueiros como “a maior sensação desde o Beirut”. Não é para tanto, evidentemente. Nem o Beirut o era, convenhamos. Mas a nostalgia de Excuses, com seus deliciosos coros, é realmente comovente.
07 – The Game Gets Old, Sharon Jones & The Dap Kings
Quem diria que um dos grandes discos do ano viria do… soul?! Pois é isso mesmo! Nunca consegui entender o tamanho sucesso de Back to Black. Depois de ouvir canções verdadeiramente vibrantes como The Game Gets Old, presente no belíssimo I Learned The Hard Way, a verdade é que eu entendo ainda menos o sucesso atingido por Amy Winehouse.
08 – Morena Russa, Do Amor
Sejamos francos: o conjunto carioca Do Amor não passa de uma enorme piada sem graça. Mas Morena Russa é a prova cabal que até as piadas mais sem graça do mundo conseguem nos fazer rir ao menos uma vez na vida. Salve salve Jorge Ben!
09 – Daydream, Beach Fossils
Uma doce contradição: lo-fi praiano, melancólico e ainda assim esperançoso.
10 – Por Favor Não Morra, Lê Almeida
Depois das faixas curtinhas do ótimo EP Révi, Lê Almeida lançou na surdina de seu myspace a música que ele anunciou como sendo o seu épico de guitarras. O resultado é devastador.
11 – Lights, Interpol
Lights apenas confirma a máxima de que um disco ruim do Interpol ainda merece mais crédito na praça do que o melhor dos trabalhos do The National. O final da canção faz jus aos melhores momentos da história dos novaiorquinos: nada mais nada menos que sublime.
12 – Gray Death, Xiu Xiu
O desespero contido de Grey Death é mais acessível do que bizarrices musicais presentes nos trabalhos anteriores do Xiu Xiu, mas nem por isso menos envolvente.
13 – Vanderlyle Crybaby Geeks, The National
Se eu tivesse que escrever uma resenha sobre High Violet, último petardo do The National, o título seria 11 músicas boas e um segredo. O segredo? É que mesmo assim o disco é chato, afinal, como é próprio da discografia do grupo, todas as músicas são excessivamente parecidas. Então por que Vanderlyle Crybaby Geeks entra na coletânea? Simples: trata-se da música mais diferente de tudo o que o The National já fez antes.
14 – Spots, Autolux
Do close para o fim: Spots é a trilha sonora ideal para um passeio pelas crateras da superfície lunar que cada ser humano carrega no interior de si mesmo.
15 – Dream About Me, The Depreciation Guild
Um espírito juvenil desiludido sob inspiração (ou seria melhor intervenção?) direta do My Bloody Valentine.
16 – Cave-o-Sapien, Wolf Parade
Do disco do ano, a música do ano. Repetindo: “não há como ficar imune à combinação perfeita entre o riff contagiante, a interpretação tradicionalmente doentia de Spencer Krug e todo o vigor rockeiro que desemboca no mais puro sabor de nostalgia pop expresso pela repetição incessante do verso definitivo i got you ‘til you’re gone; tente se controlar e não cantarolar os viciantes ‘ÔôÔôÔs’ que Krug e companhia estrategicamente impregnaram em Cave-o-Sapien”.
Recapitulando
O primeiro semestre musical chegou ao fim. E como não poderia deixar de ser, alguns dos discos mais esperados do ano já deram as caras. Em meio a lançamentos superestimados (High Violet, do The National), entediantes (The Suburbs, do Arcade Fire) ou simplesmente insignificantes (Do Amor, Do Amor), alguns dos melhores momentos musicais até o presente momento vieram de ilustres desconhecidos (Paul’s Tomb a Triumph, do Frog Eyes; I Learned The Hard Way, Sharon Jones & The Dap Kings; a estréia homônima do Beach Fossils). Enquanto teve gente boa errando a mão (caso do repetitivo quarto disco do Interpol), por outro lado, uma outra parte da turminha de responsa da música não desapontou e acertou em cheio novamente, com destaque para o competente ‘terceirão’ do Superguidis e o espetacular Expo’86, dos canadenses do Wolf Parade. Assim sendo, a coletânea Recapitulando traz a você leitor do Rock In Press dezesseis jóias musicais que servem como um pequeno registro do que melhor aconteceu em 2010 até agora.
Link: http://www.4shared.com/file/9iuogkLC/Recapitulando.html
01 – Younger Us, Japandroids
Depois de um dos grandes discos de 2009 (que continha, apenas para frisar, a maravilhosa Crazy/Forever), o Japandroids volta à tona com um single mais do que espetacular: uma verdadeira aula para o senhor Jack White sobre o que é fazer música usando apenas guitarra e bateria.
02 – Não Fosse o Bom Humor, Superguidis
Não Fosse o Bom Humor, a grande música nacional de 2010, certamente me levanta uma enorme dúvida: como um rock tão potente, altamente viciante, com uma letra tão despretensiosamente divertida – o que é algo louvável em se tratando da usual pretensiosa falta de graça da cena gaúcha – ainda assim consegue ficar completamente afastada das rádios deste país?
03 – Tsunami, Violins
Ainda que Greve das Navalhas seja um disco apenas mediano dentro da discografia do Violins, as guitarras contagiantes e a letra surreal de Tsunami (Eu e a multidão de água/ Passando sobre as pousadas como um lego/ Levando no peito os carros/ Bebendo forçado um suco/ De água do mar com tudo que era resto/ Tentando agarrar um teto) mostram que a banda goiana, além de possuir inegavelmente o letrista mais talentoso em atividade neste país, ainda tem muito a contribuir dentro do cenário musical nacional.
04 – A Flower In a Glove, Frog Eyes
Por muitas vezes o excesso de grandiosidade fez o Frog Eyes confundir emoção com chatice. Em A Flower In a Glove, Carey Mercer finalmente acerta o ponto consegue realizar o seu grande intento: transformar tensão em redenção.
05 – Stranger, Dr. Dog
Ainda residindo nos (duvidosos) anos 60 o Dr. Dog nos brinda com Stranger, uma canção extremamente despreocupada feita sob medida para as ensolaradas manhãs de domingo.
06 – Excuses, The Morning Benders
Big Echos, segundo disco do The Morning Benders, foi saudado por alguns blogueiros como “a maior sensação desde o Beirut”. Não é para tanto, evidentemente. Nem o Beirut o era, convenhamos. Mas a nostalgia de Excuses, com seus deliciosos coros, é realmente comovente.
07 – The Game Gets Old, Sharon Jones & The Dap Kings
Quem diria que um dos grandes discos do ano viria do… soul?! Pois é isso mesmo! Nunca consegui entender o tamanho sucesso de Back to Black. Depois de ouvir canções verdadeiramente vibrantes como The Game Gets Old, presente no belíssimo I Learned The Hard Way, a verdade é que eu entendo ainda menos o sucesso atingido por Amy Winehouse.
08 – Morena Russa, Do Amor
Sejamos francos: o conjunto carioca Do Amor não passa de uma enorme piada sem graça. Mas Morena Russa é a prova cabal que até as piadas mais sem graça do mundo conseguem nos fazer rir ao menos uma vez na vida. Salve salve Jorge Ben!
09 – Daydream, Beach Fossils
Uma doce contradição: lo-fi praiano, melancólico e ainda assim esperançoso.
10 – Por Favor Não Morra, Lê Almeida
Depois das faixas curtinhas do ótimo EP Révi, Lê Almeida lançou na surdina de seu myspace a música que ele anunciou como sendo o seu épico de guitarras. O resultado é devastador.
11 – Lights, Interpol
Lights apenas confirma a máxima de que um disco ruim do Interpol ainda merece mais crédito na praça do que o melhor dos trabalhos do The National. O final da canção faz jus aos melhores momentos da história dos novaiorquinos: nada mais nada menos que sublime.
12 – Gray Death, Xiu Xiu
O desespero contido de Grey Death é mais acessível do que bizarrices musicais presentes nos trabalhos anteriores do Xiu Xiu, mas nem por isso menos envolvente.
13 – Vanderlyle Crybaby Geeks, The National
Se eu tivesse que escrever uma resenha sobre High Violet, último petardo do The National, o título seria 11 músicas boas e um segredo. O segredo? É que mesmo assim o disco é chato, afinal, como é próprio da discografia do grupo, todas as músicas são excessivamente parecidas. Então por que Vanderlyle Crybaby Geeks entra na coletânea? Simples: trata-se da música mais diferente de tudo o que o The National já fez antes.
14 – Spots, Autolux
Do close para o fim: Spots é a trilha sonora ideal para um passeio pelas crateras da superfície lunar que cada ser humano carrega no interior de si mesmo.
15 – Dream About Me, The Depreciation Guild
Um espírito juvenil desiludido sob inspiração (ou seria melhor intervenção?) direta do My Bloody Valentine.
16 – Cave-o-Sapien, Wolf Parade
Do disco do ano, a música do ano. Repetindo: “não há como ficar imune à combinação perfeita entre o riff contagiante, a interpretação tradicionalmente doentia de Spencer Krug e todo o vigor rockeiro que desemboca no mais puro sabor de nostalgia pop expresso pela repetição incessante do verso definitivo i got you ‘til you’re gone; tente se controlar e não cantarolar os viciantes ‘ÔôÔôÔs’ que Krug e companhia estrategicamente impregnaram em Cave-o-Sapien”.
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nossa!!! queria um post desse há tanto tempo que até esqueci… valeu demais
eu tinha feito a minha lista aqui, mas o site expirou e fiquei com preguiça de escrever de novo.
eu terminava dizendo que younger us e tsunami ficam na minha listinha também.