1PorDia: Vitor Ramil – Foi No Mês Que Vem
Eu tenho escrito na 1PorDia sempre sobre lançamentos. Porém, a gente passou por um 7 x 1, choveu no feriado, o David Luiz chorou e a Argentina foi para a final. Então, vou abrir os trabalhos para aqueles álbuns que valem MUITO a pena. E “Foi no Mês que Vem”, do Vitor Ramil, é um desses.
Foi no ano passado. É atemporal. É uma declaração de amor profunda em forma de disco duplo. Com participações incríveis, com canções – com o perdão da expressão – D-O-C-A-R-A-L-H-O. Se você nunca ouviu, por favor, dê a si mesmo essa oportunidade de amar, sofrer e gozar, clicando abaixo.
O gaúcho estreou nos anos 80 e a estrada não poderia ter culminado em trabalho melhor. Começando por dizer que o disco tem participações como Milton Nascimento. Aliás, a música em que ele canta, “Não é Céu”, tinha tudo para ser interpretada por Lenine. Qual não foi a surpresa quando a voz dessa entidade mineira adentrou meus ouvidos e me fez confusa. Nunca a confusão foi tão linda. Silenciei o coração e deixei aquilo simplesmente fazer parte.
Cada detalhe, cada corda – seja do violão, da guitarra, do baixo -, cada batida de Marcus Suzano – que participa de algumas faixas. Cada som simplesmente invade, em músicas perfeitamente executadas, melodias de fazer fechar os olhos, letras escritas com água salgada e um conjunto que poderia ser colocado nas rádios, na íntegra.
A delicadeza de “Livro Aberto”, quando a alegria do pandeiro contradiz a tristeza de sua história, fez sair de mim um suspiro que eu nem sabia que existia – isso porque era apenas a segunda faixa.
Dizem que a depressão pode fazer uma pessoa se afundar nela mesma porque, de alguma forma estranha, o ser humano gosta de sentir a tristeza dos dias, de sofrer por amor – esse que é o mais buscado e o que mais dói, tanto quanto a faixa “Noa Noa”, com participação de Isabel Ramil. Se isso é verdade, nunca estive tão feliz em me aprofundar intensamente nas melodias e letras tristes e intensas desse álbum.
Mas daí vem a alegria dar esperança, mostrar que a paz é ainda melhor. O “Astronauta Lírico” e seu vibrato puxando o canto árabe ensina para gente a gratidão da vida, quando a lua “me aceita na forma de um sorriso”. O amor está ali, ele existe, ele pode ser bom. Assim segue o segundo disco, com participações também gigantes, que incluem Ney Matogrosso e Kleiton e Kledir.
Obrigada Daniel Corrêa, o amigo que um dia me apresentou esse trabalho. Obrigada Vitor Ramil por se tornar esse mantra que entra pelos ouvidos e para no peito, fazendo um desarranjo estranho e bom.
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