“Triste Cru”. Um ensaio sobre aqueles sentimentos mais sinceros, tristes, reais. “Coragem!” A capacidade de assumir o que de mais cru existe em nós e seguir em frente. Ir. Sem grandes certezas, com grandes intenções, na expectativa de não haver expectativas. Talvez só agora eu consiga traduzir os sentimentos da primeira vez que ouvi o novo disco da banda Guido, antes mesmo de estar pronto.
Agora, o grupo volta às raízes em Assis, porém transformado pelas experiências vividas nesta grande e enlouquecida/enlouquecedora São Paulo. O triste cru da capital foi a coragem que lhes sobrou para entrar de cabeça no novo trabalho, um álbum que veio acompanhado do documentário abaixo, produzido pelo baixista, Guilherme Ribeiro.
Sobre Coragem! from Guilherme on Vimeo.
Do choro do bebê que abre o álbum até os sintetizadores barulhentos que encerram, Guido chega com uma proposta diferente do primeiro trabalho. Na verdade, a banda rompe quase que totalmente com seu début para mostrar uma nova cara – algo como o que Cícero fez de “Canções de Apartamento” para “Sábado”. O que eu, particularmente, acho audacioso e bom. Afinal, sem audácia, continuaremos sendo mais dos mesmos. E, cá entre nós, é muito chato não ter o direito em mudar de opinião.
As letras pedem ajuda. Guiadas por diversos backing vocals de Guilherme Ribeiro, Paulo Cavalcante e participação especial da irmã, Marcela Guido, na faixa “Quem é você?”, as músicas cantam aquelas coisas que gostaríamos de mudar no mundo, mas sempre com a esperança de que há amor… E de que ele ainda pode nos conduzir de alguma forma.
“Ancoragem” é o elo mais óbvio com o trabalho anterior. Traz os elementos do novo disco, porém com a melodia nível “fofurices” do álbum de estreia. Particularmente, a frase “acordo e a gente tá deitado de conchinha… Ufa!!!” enche meu coração 🙂
No disco “Coragem”, a voz fica mais para trás, toda mesclada em diversas outras vozes, dando aquela sensação de que está acontecendo em alguma montanha próxima dali, enquanto os outros instrumentos fazem a festa. “Proteção” é uma dessas faixas – um rock de baixo marcante, melodia triste e letra que pede socorro.
No fim das contas, “Confia!”. Com todas as coisas que acontecem no mundo, enquanto você e eu nos reinventarmos e “Reexistirmos”, haverá esperança de um lugar melhor. E que a música possa continuar nos trazendo a certeza de que o amor cura, mostrando beleza onde só parecia ter dor e mudando aquilo que está afogado na lama por conta do córrego a céu aberto.
Guido, obrigada pelo trabalho maravilhoso, com produção da banda e de Arthur Romio. Que Assis seja o cenário de um novo trabalho tão significativo quanto esse. Esperamos ansiosos!
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