Blog: As Peripércias para ir no Just a Fest
Eu já expliquei aqui como foi a doideira para entrevistar e assistir a um show da Mallu Magalhães, de como encontrei o Selton Mello ao lado do meu trabalho, também a história de como conheci o pessoal do Incubus e ainda estou devendo a bizonha história do show do Interpol (que teve desde de chuva torrencial até inspeção na loja que sou gerente) e o show do Muse (que eu comprei os ingressos e só depois que eu descobri que era dia de semana!). Mas esse final de semana superou tudo. A minha maior peripécia foi ir no Just a Fest. No Rio e em São Paulo.
Bem, para começo de história, no domingo antes do show do Rio eu nem ia mais. Não tinha ingressos, afogado em dívidas e sem sorte, por enquanto. Numa virada de mesa surpreendente (?) consegui convencer nosso querido colaborador Decotignies a comprar o passaporte para o paraí… não, pro Just a Fest! Conta ele que, o cara da bilheteria do Aterro do Flamengo cobrou 20 reais para poder aceitar minha meia entrada, o que fez nosso colaborador ter que ir até a Apoteose comprar minha entrada, sem nenhuma taxa de ‘incoveniência’. Agora que já tinha o ingresso, faltava o mais fácil: trocar de horário com o cara que trabalha de manhã lá na loja e pedir para o patrão se eu poderia sair às 14:00. Se alguém dissesse não, eu estaria fodido. Mas ninguém resiste ao meu charme. (?)
No dia do show do Rio, claro, houve pequenos desencontros… só saí da loja às 15:00, peguei um engarrafamento fdp e só cheguei no local da apresentação às 16:35. Educamente, cheguei na Apoteose e fui verificar o final da fila… Ao constatar que A FILA NÃO TINHA FINAL, eu rapidamente saquei meu celular e liguei para meu amigo Diego, que tinha chegado às 6 da manhã lá e me deu a dica de que ele estava na grade, no bolo de gente que estava só furando fila, e eu também! Um inferno foi instaurado na primeira barreira daquela grade e toda a minha vontade de ir para a frente do show se esvaiu ali. Eu e nosso querido companheiro 2tdias encontramos uma uruguaia, chamada Clara. Muito simpática a moça nem conhecia Los Hermanos… Tadinha! Pedro Cotta e esposa também chegaram. Com isso, vi Thom Yorke errar “Everthing…” e fui feliz o resto da noite.
Durante as apresentações, uma vontade impressionante de ir para São Paulo me bateu. Nem era para ver o show, mas para me destrair, encontrar a Nina Cairo e fazer merda. Eu cheguei em casa às 3 da manhã, liguei a internet e meu amigo Caio, da banda fodassa Jennifer Lo-Fi deu a dica: “Tem hotel baratinho na [rua]Augusta em direção ao Centro”. Com base nisso, pouquíssimo dinheiro e muita cara de pau, fui arrumar minha mala, às 4 da manhã. Claro, dormi 4 horinhas, liguei pro meu patrão e mandei a real: “Me dá um vale de 100 reais? Mas tipo, pra AGORA! Já to no ponto de ônibus!”. Meu patrão, que é o melhor que eu já tive, viu o meu desespero e ele pensou que eu sai no dia anterior para ver o show e pensou que eu me envolvi em algum problema (drogas) e por isso queria o dinheiro… Peguei a grana e fui pra rodoviária.
O melhor da história começa agora. Eu olhei todas as saídas Rio-Sampa na madrugada, e alguns segundos depois eu esqueci, o que me fez chegar e olhar os guichês e escolher o melhor. Como estava com pressa, peguei o primeiro, que saía às 12:40, sendo que eu comprei à 12:42 e tive que assistir a atendente ligar desesperada para o motorista na área de embarque pedindo para esperar. Únicas palavras que ela falou pra mim “CORRE! CORRE!”. Eu só vou na janela, mas tive que discutir com uma passageira que estava no meu lugar no ônibus quando eu cheguei… Dormi muito, vi filme e ouvi música nas 6 horas de viagem. Chegando lá, safo como sou, já sabia chegar no Masp, local de encontro com a Nina. De lá, fui procurar um hotel e desci a Augusta. Haja bordel! Ouvi comentario tipo “Para vocês, eu faço 7, com uma cerveja grátis pra cada e hospedagem a noite toda!”. O quarto que eu tinha direito tem: Colchão de madeira, parede com bolor, rachaduras e pixações, boxe do banheiro sem vidro e televisão, presa na parede, sem controle remoto e sem poder ligar… Além de um casal no quarto ao lado transando de uma maneiro bizarra logo de manhã cedo.
Saí para comer alguma coisa e do nada eu escuto alguém falando “Xi?” e eu achei que era meu imaginário voando… Até que de novo “Xiiiii?” Era o pessoal do Fórum do Muse num encontro programado que eu havia até esquecido! Tinha gente do Rio e tudo ali e nos encontramos como por muito acaso na Paulista. Depois de uma agradável noite, fui dormir. Durante o passeio que dei no Parque do Ibirapuera, ja no domingo, e no almoço que fiz no Shopping Paulista, nasceu uma vontade inconsciente de ir no Radiohead de novo. Na hora que eu ia embora, saquei novamente meu cel e liguei para o 2tdias. Descobri que ele estava a poucos metros de onde eu me encontrava e indo para o show. Não tive dúvidas e corri para encontrá-lo. A pergunta foi: “Será que eu arrumo ingresso com cambista lá? To com muito pouco dinheiro!” e ele disse: “Vai sim, cara”. Então eu vou. Deixa para ir no Rio na segunda, vou direto pro trabalho depois. Descobri com isso que, melhor, o 2tdias estava com uma excursão de Minas Gerais para o show. Ou seja, passagem de ida de graça e lugar para guardar a minha mochila.
Já dentro do ônibus eu conheci a Gabi. Ela foi de Minas só para assistir o Los Hermanos e também iria comprar de cambista. Melhor, dois ingressos saem mais baratos que um. Mas… e o meu dinheiro? Depois de contabilizar total merda financeira, juntei com nosso amigo do blog e fizemos aquele discurso de vendedor de ônibus e literalmente pedimos dinheiro para ver se eu conseguia ir no show. Ao todo arrecadamos R$7,95… E com um engarrafamento da porra, descemos e fomos andar uns 4 km só. O bom pra mim e para a Gabi é que com isso, íamos negociando com os cambistas que chegaram a oferecer até 300 reais para os ingressos esgotados do show. Pela pressa que tínhamos, para ver os Hermanos, acabamos arrecadando um por 150 cada, sendo que uma boa parte do meu ingresso foi pago pela queriada Gabi. GENTE, OLHA QUEM HÁ UMA SEMANA ATRÁS NEM IA PRO SHOW, ESSE É O SEGUNDO!!! Daí encontrei Nina e vi o Colin errar a linha de baixo em Karma Police. Lindo.
Pensei comigo: Como o local do show é longe de tudo e vai ser tarde para pegar ônibus, vou pra Minas com a excursão e de lá pego um ônibus pro Rio, que é mais barato. Mas descobri que o ônibus da excursão estava lotado. E isso só na saída! Sorte que 2tdias encontrou dois amigos do Rio, que iriam ficar esperando até às 4 da manhã para irem para a rodoviária. Eu só tinha essa alternativa. Mas… e minha mochila?? Tá dentro do ônibus de Minas! Consegui convocar o pessoal do Rio (vulgo Bia, Vinicíus e o perdido Samy, que encontramos meia hora depois) para irmos pegar minha mochia e ficarmos juntos. Éramos 4 sentados no meio fio da rua, acabados e esperando o tempo passar e de 2 da manhã até o relógio saltar para Às 4.
Até que num racha de dinheiro e nos 10 reais que eu literalmente achei perdido na minha roupa, pegamos um taxi até a rodoviária Tietê e esperamos até o primeiro ônibus sair de lá, às 5:45, sem manta e nem travesseiro, mas com um lanchinho “carregado” e uma chegada meia hora antes do previsto. Bem, dormi de 3 às 4 na rodoviaria e durante toda a viagem de volta para o Rio, de tão acabado que eu estava. Me despedi dos meus amigos e fui direto trabalhar. Lá eu bati com a cabeça na encadernadora, bati a cabeça na escada, chutei a quina da mesa e ainda to vivo, sem dormir. Eu cheguei no Rio com o dinheiro exato de uma passagem para poder ir pro trabalho, totalmente quebrado financeiramente.
Sei lá, essa vida de mochileiro ainda me mata. Mas é tão divertido que eu faria tudo de novo, todo dia, até eu me ferrar de vez. Mas enquanto isso não acontece, que venham mais shows!